A 'febre' do Super Bowl já passou, mas o futebol americano continua a ser tema em Portugal quando é jogado por portugueses. Com uma liga composta por 10 equipas amadoras de Norte a Sul do país, a modalidade que move milhões nos Estados Unidos está em crescimento por territórios lusos.

Os Lisboa Devils são uma equipa de futebol americano criada em 2013 após três amigos terem percebido o potencial que a cidade de Lisboa tinha para receber uma nova equipa da modalidade. A 'promessa' na hora da criação foi simples: 'abanar' as fundações do desporto.

Três anos volvidos da criação, a equipa que treina nos Olivais cumpriu o que tinha promovido ao sagrar-se campeã da Liga Portuguesa de Futebol Americano (LPFA). Na temporada seguinte chegou ao bicampeonato numa época em que dominou sem perder nenhum jogo. Em 2017/18, mais 'velhos' e maduros, os Lisboa Devils estão de novo na corrida para vencer o título sendo os principais candidatos a vencer o troféu.

A época de viragem para o topo arrancou em 2015/16 quando os Devils venceram, pela primeira vez, o título. Numa final inédita frente aos Algarve Sharks, a equipa lisboeta venceu por 28-26 para conquistar o seu primeiro troféu. Ao SAPO Desporto, André Amorim, 'head coach' dos Devils nos últimos cinco anos, recorda como a caminhada para o título foi planeada num programa de três anos que tinha sido delineado na criação da equipa.

"Foi um plano traçado em que fomos fiéis ao que nos tínhamos proposto. Nada acontece do dia para a noite e nós tínhamos um plano para ganhar em três anos e foi isso mesmo que fizemos. Depois de dois anos em que crescemos e fomos cimentando o nosso estatuto enquanto equipa, vencemos no terceiro ano", contou adiantando que a primeira conquista foi apenas um passo que tem como principal objetivo a divulgação da modalidade.

"No quarto ano mantivemos o sucesso com a conquista do bicampeonato. Foi um dos momentos altos e esta temporada temos o objetivo de manter a senda vitoriosa. Vencer nunca é fácil, mas continuar a vencer dá ainda mais trabalho. Queremos ajudar o futebol americano a crescer como desporto, mas esperamos celebrar o tricampeonato".

O treinador André Amorim
O treinador André Amorim Margarida Cautela

A época da primeira conquista foi literalmente uma época 'dos diabos'.  A equipa portuguesa tornou-se na primeira formação lusa de futebol americano a competir numa competição europeia. Na Liga dos Campeões, os Devils receberam e venceram os turcos Bogazici Sultans num encontro que ficou decidido na última jogada a favor da formação portuguesa. O momento ficou eternizado pelas pessoas que, nas bancadas, traziam um colorido diferente à partida.

Cultura de vencer que vai da direção ao relvado

Uma das qualidades mais faladas quando os Devils estão na mistura é a cultura de vencer e melhorar de dia para dia. O trabalho efetuado nos Olivais tem dado frutos, mas ninguém pretende tirar o pé do acelerador. A ideia de que é possível melhorar a cada momento atravessa todos os escalões da equipa desde a presidência, à equipa técnica terminando no relvado. Em ambiente de treino, a camaradagem entre colegas é notória. O aquecimento é marcado por confraternização amigável entre jogadores que há muito jogam juntos e se entreajudam na demanda para melhorar enquanto atleta. Entre cumprimentos e conversa há lugar para 'picardias' normais entre colegas de equipa que 'atiram' galhardetes para a esquerda e para a direita. A presença de uma câmara em nada tira o 'fogo' aos 'diabos'.

"Os devils têm uma cultura vencedora. Tenho a sorte de só conhecer vitória e acredito piamente que este ano somos candidatos a vencer novamente. Vamos fazer todos os possíveis para manter a nossa onda vitoriosa e estamos aqui para a luta. Eu nem sequer imagino outra coisa que não seja a vitória. Nem sequer digo o nome de outros resultados", conta João Ventura, linha defensivo que está no seu segundo ano na equipa. Durante a entrevista, o jogador é abordado por colegas de equipa que perante a situação não hesitam em gritar para a câmara que "o Ventura é o maior". O sentimento de camaradagem é alto nos treinos dos Lisboa Devils, mas a entrevista acabou por continuar.

Opinião semelhante à de João tem Sérgio Moreno. O vice-presidente do clube defende a cultura vencedora da equipa e vai mais além do que o linha defensivo tinha relatado: é preciso amar o futebol americano para que tudo aconteça e os Devils estão sempre atentos a quem possa ser um apaixonado pelo jogo.

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"Já passei grandes momentos aqui. O nosso primeiro jogo foi mágico. 90% de nós não tinham jogado um  jogo a sério e entrar em campo para competir com a camisola dos Devils é um momentos que fica para a posterioridade. Melhor só quando conquistámos a nossa primeira vitória e, mais tarde, o nosso primeiro campeonato. Ser um Devil é algo difícil de definir. Temos uma cultura forte de vitória, mas a dedicação é um dos traços dominantes dos Devils . É preciso amar o futebol americano e nós andamos sempre à procura das pessoas que têm esse sentimento", explica o vice-presidente.

"Ser um Devil é ser um vencedor. É vir para o treino e estar pronto para tudo. Ter sempre a vitória debaixo de olho e trabalhar no duro para a alcançar" - Kyle Nolan, QB

No banco de suplentes, as ideias sobre a cultura não destoam dos restantes. André Amorim garante que o trabalho que tem vindo a ser feito é para continuar e melhorar porque o conforto não é algo que interesse ao futuro da equipa. O treinador dos Lisboa Devils pretende que, nos treinos e nos jogos,  haja sempre intenção de melhorar enquanto atleta até porque os melhores atletas são a principal forma de desenvolver uma modalidade em crescimento.

Lisboa Devils

"Eu diria que vencer costuma trazer algum conforto aos atletas que podem pensar que estão no auge e que são os melhores, mas tenho noção de que tenho um grupo capaz de combater esse conforto. Temos uma cultura vencedora, sim, mas temos também um grupo com muita vontade de querer melhorar como atletas e como equipas".

Afinal de contas, o que é ser um Devil?

Perante estas declarações fica claro que vestir a camisola dos Devils é uma responsabilidade comum a todos os intervenientes. As palavras dos protagonistas remetem para a importância de "ser um Devil", mas o que é realmente ser um jogador desta equipa de futebol americano?

Na procura do 'tri', há um alvo bem definido a abater

No universo dos Lisboa Devils há uma certeza sobre esta temporada: os Devils são o 'alvo' a abater pelas restantes equipas. Jesuíno Furtado, 'Juzz Tiny' como é conhecido no universo do futebol americano em Portugal é um dos jogadores de ataque das fileiras da equipa lisboeta. O 'running back' que está em ano de estreia com os Devils assegura que é uma responsabilidade sua e de todos os colegas para com a equipa.

"Eu vim de outra equipa, mas sempre acompanhei os Devils. São uma equipa em que as bases foram bem feitas. É nesse sentido que aqui estou. Sinto que é uma grande responsabilidade. Não vai ser fácil... Todos os que jogarem contra nós querem acabar com a nossa série de vitórias. Vão fazer tudo para nos tentar parar”, afirma Juzz Tiny sem dúvidas sobre se os Devils são o alvo a abater após dois títulos de campeão seguidos.

“Os Devils são o alvo a abater desde o início do campeonato. As equipas adversárias têm o objetivo de impedir que os Devils cheguem a outra final. Nós estamos cá para dizer que não e para complicar esse objetivo deles”, confidencia.

A Equipa orientada por André Amorim está bem encaminhada para garantir um lugar no play-off que dá acesso à final da LPFA. Lidera a qualificação da Zona Sul

André Amorim reforça a posição deixada por Juzz. O 'head coach' dos Devils conta que toda a sua equipa técnica bem como os atletas trabalham com os olhos no título sempre com a noção de que os adversários vão entrar em campo para interromper a série de títulos da sua equipa.

"Não tenho dúvida nenhuma de que somos o alvo a abater esta temporada. Eu e toda a minha equipa técnica bem como os jogadores temos plena noção disso. Todos vão apontar para o primeiro lugar e todos vão entrar em campo para nos derrubar e quebrar a nossa sequência de campeonatos. Trabalhamos diariamente para contrariar isso", assegura.

Um jogo de xadrez humano que está acima de qualquer tipo de violência

O futebol americano é visto como um desporto de contacto e, na maioria das vezes, associado à violência. Apesar de existirem 'pancadas' que estão inseridas na forma como se joga futebol americano, isso não é a base deste desporto que é seguido por milhões de pessoas pelo Mundo com especial foco nos Estados Unidos onde é considerado 'desporto rei'. Quem o diz é alguém que esteve ligado durante anos à prática da modalidade.

Kyle Nolan é norte-americano e jogador dos Lisboa Devils em ano de estreia. Nolan foi convidado por um dos treinadores a entrar na equipa e aceitou o desafio de jogar futebol americano na Europa. Sair dos Estados Unidos para continuar a jogar a modalidade que mais gosta era um desafio que procurava e os Devils foram a melhor forma de o conseguir.

Em Portugal há apenas um ano, o quarterback da equipa lisboeta sabe o que é jogar futebol tanto nos Estados Unidos como em território luso. Com passagens pelo futebol universitário - representou a Universidade de Georgetown durante os estudos - está ligado ao futebol americano desde criança e revela que, mais do que 'tackles', o desporto tem como base estratégia para iludir os adversários. Um verdadeiro tabuleiro de xadrez humano.

"O futebol [americano] tem um lado mais físico, mas que não é violento. A defesa tem uma função que é atirar ao chão quem carrega a bola ou impedir que eles avancem. Do outro lado estão os jogadores que bloqueiam a ação da defesa e que têm de impedir que os adversários consigam fazer o que querem, mas o futebol [americano] é muito mais do que isso. É um jogo de xadrez com peças em constante movimento. É preciso muita inteligência para ser bem jogado e muitas pessoas não têm noção de todas as táticas e preparação que são necessárias para cada jogo. Há muito mais do que apenas placagens num jogo", desabafa.

Em campo
Em campo Lisboa Devils

João Ventura concorda com o colega de equipa e fornece mais dados sobre a ausência de violência no futebol americano. O linha defensiva não esconde que há contacto entre os jogadores durante uma partida, mas que nunca com violência. Lesões são um caso raro, mas acontecem com a mesma cadência de outros desportos. A ausência de violência contada por um defesa, os principais 'distribuidores' de placagens no futebol americano.

"A questão da violência é uma das mais faladas, mas não acho que o futebol americano seja um desporto violento. É um desporto de contacto, sim, mas não de violência. À semelhança de outros tantos desportos que existem podem haver um contacto mais duro ocasionalmente, mas ninguém quer magoar ninguém. Eu, por exemplo, sinto-me ótimo e nunca tive nenhuma lesão", conta assegurando que pretende continuar a jogar durante mais quatro anos, no mínimo, antes de ponderar pendurar o capacete e as proteções.

Como o futebol americano pode tornar um jogador no 'Dono do Mundo' ou num 'Super-herói"

As emoções dentro do relvado diferem de atleta para atleta, mas o que aparenta ser comum é uma sensação de que tudo é possível quando a bola começar a ser atirada. Tanto João Ventura como Juzz Tiny contam histórias de momentos de êxtase que se passaram dentro de campo na primeira pessoa. Relatos de quem esteve no centro da ação e 'sofreu na pele' ambos os lados do futebol americano. O running back, com um largo sorriso no rosto, volta atrás no tempo até à primeira vez que colocou o equipamento e foi treinar.

"Eu sempre gostei de desporto com cultura americana – joguei basquetebol antes de futebol americano – e quando supostamente ia deixar de praticar desporto um amigo sugeriu que eu fizesse captações para jogar futebol americano porque eu poderia gostar. E se gostei… Meti o capacete e as 'pads' [equipamento de proteção do tronco] e senti que era o dono do Mundo logo no primeiro treino quando nem percebia nada daquilo. É algo que qualquer pessoa vai sentir. Eu não precisava de dizer isto. Basta uma pessoa experimentar que vai ter uma sensação igual. Naquele momento tudo pode acontecer e nada me vai magoar. É assim que eu me sinto quando visto o equipamento", revela o atleta de 26 anos.

" Há muito mais do que apenas placagens num jogo de futebol americano. É um jogo de xadrez com peças em constante movimento"- Kyle Nolan, QB

Para João Ventura, a sensação é diferente. Numa jogada, um simples jogador pode ascender ao nível de 'mini super-herói' mesmo que apenas durante uns minutos. Para o defesa, o futebol americano passou de 'hobby' para uma atividade que o deixa realizado apesar de já terem existido momentos em que pensou duas vezes sobre continuar porque mesmo os 'mini super-heróis' têm famílias.

"Podemos ser mini super-heróis quando estamos em campo e lutamos por um campeonato. Sinto-me super realizado e não me imagino a viver sem este desporto, sem este ritmo e sem estar sempre a lutar pela vitória", começa a contar antes de, entre risos, contar que já esteve perto de deixar o desporto.

"Às vezes penso em desistir quando estou assim mais dorido ou levo uma placagem mais dura, mas isso nunca me faria desistir. Se tivesse de deixar o futebol americano não seria pela violência ou por falta de interesse pelo jogo, mas devido a questões pessoais. Tenho família e jogar futebol americano retira-me muito tempo porque os treinos são sempre depois do trabalho e tarde. Os jogos ocupam-me os fins de semana. É um compromisso muito grande, mas que acaba por fazer sentido".

Os Lisboa Devils treinam, religiosamente, três vezes por semana em horários distintos sendo que são sempre à noite depois das 20h00 e numa altura em que os jogadores têm mais liberdade após os horários de trabalho.

Entrada de estrangeiros tem acrescentado qualidade ao futebol americano

O desenvolvimento do futebol americano em Portugal tem sido um processo contínuo, mas a ser processado a ritmo baixo. O desconhecimento e a falta de divulgação em oposição a outras modalidades dificulta a exposição do futebol americano aos mais jovens. As dificuldade não se ficam por aí visto que grande parte dos treinos decorrem à noite, o que também afasta candidatos que possam estar interessados.

Plantéis das equipa de futebol americano em Portugal têm limites para a inclusão de estrangeiros

Para fechar um rol de dificuldades, o estereótipo de que o futebol americano é violento é um dos motivos que explica alguma reticência em dar uma oportunidade a um desporto relativamente novo em Portugal. O vice-presidente dos Lisboa Devils acrescenta ainda mais algumas questões que abrandam o desenvolvimento do desporto. Sérgio Moreno aponta a falta de apoios como condicionante.

"O futebol americano envolve alguma despesa ao nível dos materiais não só para os jogadores. Para os jogos é preciso ter dinheiro para os campos e para os árbitros bem como outras questões de logística da equipa. Não há muitos apoios por ter pouca visibilidade. Nos Devils nós conseguimos ter algum equipamento para que os jogadores mais recentes evitem ter de investir", revela.

Lisboa Devils festejam
Lisboa Devils festejam Lisboa Devils

Apesar de tudo isto, o futebol americano tem vindo a crescer e a melhorar em termos de qualidade e quantidade. A entrada de jogadores nativos dos Estados Unidos tem servido de tónico para melhorar métodos de trabalho e conhecimento em geral sobre temas que envolvem a modalidade. Os processos 'americanizados' começam a criar raízes no desenvolvimento do futebol americano em Portugal.

Nos Lisboa Devils não é diferente, com a anotação de que a equipa lisboeta foi a primeira a contar com jogadores do continente norte-americano. Atualmente, a equipa técnica orientada por André Amorim tem elementos estrangeiros que o assistem bem como atletas no relvado que dão o seu contributo.

Desengane-se, no entanto, quem pensa que a entrada de jogadores estrangeiros vai afastar jogadores portugueses e atrasar o seu desenvolvimento. Os regulamentos da Liga Portuguesa de Futebol Americano impõem um limite máximo de três estrangeiros no relvado por equipa. A presença de jogadores com mais conhecimento serve as equipas, sobretudo nos treinos.

" O momento em que ergui a Taça está bem guardado e é algo que não vou esquecer para o resto da minha vida. Não me imagino a viver sem este desporto" - João Ventura, LB

Kyle Nolan é um dos três jogadores estrangeiros que, habitualmente, tem mais tempo de jogo nos Devils. Como quarterback, o norte-americano está no centro da ação ofensiva, sendo responsável pela definição das jogadas de ataque. Após o treino, o atleta aceitou o desafio de ensinar o SAPODesporto a fazer uns passes com a bola de futebol americano. Durante a 'aula', o antigo jogador da Universidade de Georgetown confessou ter ficado surpreendido com os jogadores portugueses.

"Futebol [americano] é futebol em todo lado. Portugal tem superado as minhas expectativas relativamente ao que sabem sobre a modalidade. A grande diferença entre o que é feito aqui e nos Estados Unidos tem a ver com o tempo. Nos Estados Unidos o futebol [americano] começa a ser introduzido nos jovens quando são miúdos. Aprendem as regras e como jogar desde criança que acaba por levar a jogadores com mais experiência e qualidade. Aqui acontece algo semelhante mas com o futebol [a que Kyle se refere como 'soccer'].

27 jogos, 26 vitórias e 1 derrota a estragar a série

O historial dos Lisboa Devils demonstra bem a preponderância da equipa no universo do futebol americano em Portugal. A formação orientada por André Amorim terminou a época passada só com vitórias e dava sinais de querer repetir o feito este ano. No entanto, a série de 26 vitórias seguidas chegou ao fim frente aos Cascais Crusaders num encontro que terminou 27-26 a favor da equipa da casa. Para a história ficam as conversões após os 'touchdowns' falhadas por parte dos Devils que foram decisivas para a primeira derrota em muito tempo.

O resultado negativo relançou a corrida pelo lugar cimeiro do play-off e igualou o registo de embates deste ano entre Crusaders e Devils. Com uma vitória para cada lado, as duas formações ainda podem ter um terceiro duelo na fase final da Liga Portuguesa de Futebol Americano  quando estiver perto de ser eleito o campeão.  Contudo, não é certo que haja jogo, visto que as contas para o play-off estão ao rubro numa das ligas mais renhidas de que há memória na Liga Portuguesa de Futebol Americano.

A final da LPFA está marcada para 28 abril sendo que os play-offs arrancam em março. Os Lisboa Devils continuam à procura de jogadores para acrescentar ao plantel tal como as restantes nove equipas da Liga. Entrar em campo e vencer é, como em todos os desportos, o principal objetivo, mas a Liga Portuguesa de Futebol Americano, bem como os Devils, mantêm a demanda de divulgar o futebol americano como uma alternativa viável às modalidades que existem em Portugal.