As mais de 90 atletas que denunciaram os abusos sexuais por parte de Larry Nassar vão apresentar vários processos judiciais contra o FBI por não investigar o antigo osteopata logo após ter recebido informações sobre os crimes, segundo avança, esta quarta-feira, o jornal New Your Times.
Estas ações ocorrem duas semanas depois de o FBI ter decidido não avançar com processos sobre dois ex-agentes da unidade, acusados de atrapalhar a investigação de Nassar em 2015, permitindo que as agressões continuassem por mais de um ano antes que as autoridades de Michigan o prendessem.
Os agentes são acusados pelo Departamento de Justiça de proferir falsas declarações sobre o assunto.
No grupo de vítimas de abuso sexual estão as ginastas Simone Biles, Aly Raisman, McKayla Maroney e Maggie Nichols, bem como as ex-ginastas Samantha Roy e Kaylee Lorincz, que agora trabalha como defensora dos direitos sexuais.
“As minhas companheiras sobreviventes e eu fomos traídas por todas as instituições que deveriam proteger-nos: Comité Olímpico dos EUA, Ginástica dos EUA, FBI e agora o Departamento de Justiça", disse Maroney num comunicado. “Está claro que o único caminho para a justiça - e cura - é através do processo legal”, acrescentou.
As queixosas pedem diferentes quantias de indemnização, sendo que o valor total das reivindicações ultrapassa os mil milhões de euros, disse o advogado John C. Manly, também em comunicado.
Nassar, que abusou de mais de 330 jovens, foi condenado há cerca de quatro anos a cumprir pena de prisão entre 40 e 175 anos, a que se soma outra de 60 anos por pornografia infantil, o que significa na prática uma prisão perpétua.
O antigo médico deu-se como culpado de todas as acusações, mas defendeu que os métodos que utilizou eram de “um bom profissional”.
Já em setembro de 2021, Simone Biles tinha apontado o dedo à federação de ginástica dos Estados Unidos e "todo o sistema" por permitir que Larry Nassar, médico da equipa nacional durante 20 anos, abusasse sexualmente dela e de centenas de outras ginastas.
A principal ginasta norte-americana, perante o Comité Judicial do Senado dos Estados Unidos, foi clara em alargar as culpas à USA Gymnastics, ao Comité Olímpico e ao Paralímpico do país, que "sabiam que estava a sofrer abusos por parte do médico da equipa".
Um relatório interno do Departamento de Justiça relevou, em julho de 2021, erros graves no seio do FBI que levaram a que a investigação ficasse parada mais de oito meses. Quando esse documento de 119 páginas foi tornado público, um grupo de senadores avançou com uma audiência para investigar a resposta do FBI e para corrigir erros institucionais.
A condenação foi proferida entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018, coincidindo com o início do movimento #MeToo nos Estados Unidos.
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