
“Esta aqui é para Portugal”, gritou Nic von Rupp ao erguer a bandeira portuguesa após a vitória, por equipas, ao lado do francês Clement Roseyro, no Tudor Nazaré Big Wave Challenge, etapa única de ondas grandes da Liga Mundial de Surf (WSL), que decorreu na Praia do Norte, Nazaré.
“Sinto muito orgulho, falam sempre dos brasileiros na Nazaré, mas os portugueses é que estão aqui para representar, estamos cá sempre a enfrentar as maiores ondas e para ganhar campeonatos”, exclamou na hora da inédita vitória de uma dupla europeia no Canhão da Nazaré, no ano em que nenhum brasileiro subiu ao topo do pódio a nível coletivo ou individual.
Von Rupp venceu por equipas, pela segunda vez, a etapa mundial de Ondas Grandes da Nazaré, três anos depois da vitória com a dupla constituida ao lado de Lucas “Chumbo” Chianca. Deixou as notas da preparação para a glória eterna.
“Sejam ondas pequenas, ondas grandes, ondas gigantes, ondas de 30 metros, offshore, onshore, condições boas, más, estivemos a temporada toda a treinar. Sinto que a nossa equipa esteve aqui com tudo para viver este momento, para vencer a prova”, atirou, enquanto revelou a chave do sucesso. “Treino, treino acima de tudo, horas e horas dentro de água aqui”, confessou.
O segundo triunfo, ainda que coletivo, coloca Nicolau von Rupp num patamar de destaque na galeria de campeões da Praia do Norte. Na conversa com os jornalistas sacode protagonismos.
“Todos os surfistas que estão cá são os Reis da Nazaré”, declarou o local da Praia Grande, Sintra, recusando a coroa real. “A Nazaré não tem rei, o rei da Nazaré é mesmo a própria onda”, rematou.
“Não há comparação com outras ondas do mundo”
Experiente surfista de ondas grandes, descreve as sensações recebidas no Canhão da Nazaré, na Praia do Norte. “A força da natureza, não há comparação com outras ondas do mundo, realmente, tem uma potência brutal”, frisou.
“A verdade é que é o spot mais desafiante do mundo e nós estamos aqui, a minha equipa está sempre em alerta para se as coisas correrem mal”, atestou o surfista que já apanhou vários sustos na praia que avista o Farol, o último dos quais custou-lhe dois dentes partidos durante um sessão integrada no âmbito do projeto “Moutains of the Sea” (Montanhas do Mar).
Após o segundo lugar, por equipas, no ano passado, a dupla luso-francesa saiu vencedora da temporada 2025 e Nic von Rupp relembrou o que é preciso para subir um lugar.
“Para ganhar este campeonato não é preciso ser só bom surfista, é também, é preciso ser bom piloto, é preciso ter uma equipa sólida, como nós temos e treinar constantemente para conhecer as condições da Nazaré”, argumentou.
“Os portugueses é que mandam aqui”
“Estou muito orgulhoso aqui de poder representar Portugal, levar esta vitória para Portugal”, reiterou ao bater no peito de punho fechado enquanto apertou a bandeira das Quinas.
Instado a comentar a ondulação, reconheceu que “não foram as maiores condições que nós vimos”, reconheceu. “Acho que final de janeiro tivemos aqui condições de quase 30 metros, as maiores condições que vimos durante muito tempo e estávamos lá para representar”, recordou.
Recua a esses dias. “Falou-se, na altura, que o brasileiro tinha surfado a maior onda, mas fomos nós os tugas, estávamos lá a representar, a apanhar as maiores ondas”, recordou.
“É assim que isto muda, este estigma de que os brasileiros é que mandam aqui. Isso não é verdade, os portugueses é que mandam aqui, isto é nosso, as ondas são nossas e estamos aqui para surfar as maiores ondas e para ganhar este campeonato. Vamos com tudo, embora Portugal", bradou.
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