Portugal fechou a primeira jornada da Taça Davis em ténis com “o melhor resultado possível”, após um encontro “excelente” de João Sousa e uma maratona em que a “força mental” de Nuno Borges fez a diferença.

O resumo, feito pelo ‘capitão’ Rui Machado, espelha bem o sentimento da seleção nacional, após ter concluído a primeira de duas jornadas da eliminatória com o Brasil, do Grupo I Mundial, a liderar por 2-0 e a precisar de apenas um ponto para avançar para o ‘play-off’ de qualificação para as Finais da Taça Davis de 2023.

“O dia de hoje foi o melhor resultado possível. […] Acho que veio ao de cima a qualidade dos nossos jogadores. Tivemos um jogo do João, não gosto muito de dizer a palavra perfeição, mas foi muito bom, excelente”, definiu o selecionador português, considerando que a experiência do número um nacional, aliada ao seu nível de jogo, fez a diferença.

Depois do triunfo de Sousa sobre Felipe Meligeni, com os parciais de 6-1 e 6-3 no primeiro singular, assistiu-se a “uma batalha à Taça Davis”, com “dois jogadores com grande nível”.

“Não sei se terá sido a força mental do Nuno [a ser decisiva] ou a força mental do Nuno aliada à vontade dele e à ajuda do público… tudo junto fez com que saíssemos daqui com a segunda vitória”, avaliou Machado, dando os parabéns aos seus dois ‘pupilos’, antes de alertar que nada está terminado e que é preciso vencer mais um ponto, idealmente logo no encontro de pares, o primeiro dos três agendados para sábado.

Ao seu lado, o novo recordista de ‘internacionalizações’ por Portugal evitou também usar a palavra perfeição para descrever o seu encontro com Meligeni, um jogador que conhecia bem, uma vantagem que usou no embate de hoje.

“Sabia que ele me tinha muito respeito, porque já treinámos juntos, sei que me considera muito e a verdade é que eu partia com essa vantagem. Obviamente, isso dá-me confiança também. Acho que fiz um encontro quase perfeito. […] Soube gerir muito bem os momentos. O primeiro jogo foi aquele que eu não comecei tão bem, mas, a partir daí, joguei a um nível muito alto e [estou] muito contente com a exibição que fiz”, reconheceu Sousa.

O número um nacional e 56.º tenista mundial desvalorizou o seu novo recorde, dizendo que não liga “muito a esses registos”, mas ressalvando que “é um privilégio enorme poder representar Portugal e fazê-lo durante tantos anos é bom sinal”.

A cumprir apenas a sua terceira eliminatória na Taça Davis, Nuno Borges parece ser um ‘veterano’ nestas andanças, ou pelo menos foi essa a imagem que passou a vencer o número um brasileiro, Thiago Monteiro, numa maratona de três ‘sets’ e mais de três horas.

“Entrei pronto para a luta e, realmente, os últimos encontros têm-me dado um bocadinho mais de estaleca nesta duração de encontros e acho que me ajuda, quando perco aquele primeiro ‘set’, a acreditar que ainda há muito jogo para ser jogado e que consigo ir buscar aquele jogo se me mantiver motivado e continuar à procura de ganhar. Foi isso que aconteceu. Agora, podia perfeitamente ter calhado para o lado dele”, admitiu o segundo tenista nacional.

Visivelmente cansado, Borges disse não saber elencar o triunfo de hoje entre os seus melhores, defendendo estar centrado em recuperar física e mentalmente para poder ajudar Portugal novamente no sábado.

A felicidade portuguesa contrastava com o desânimo brasileiro, com o ‘capitão’ Jaime Oncins a notar, ainda assim, o Brasil continua “vivo”.

“Hoje, foi um baque duro, nunca se sai contente de estar 2-0 abaixo para o segundo dia, mas, ao mesmo tempo, saio contente com a entrega que os jogadores tiveram […]. Agora, é assimilar esses dois jogos, ver o que aconteceu. Sentar, conversar e fazer a cabeça para amanhã [sábado]. É duro, é difícil, mas quem vem para a Taça Davis já sabe que é assim”, declarou, em conferência de imprensa.

Já Thiago Monteiro elogiou Borges, “um cara bem difícil de jogar”, assumindo que “faltou ter sido mais contundente em certos momentos chave do encontro”. “É uma derrota dura, difícil”, completou, apontando o público como essencial no desfecho do encontro.

“Não consegui lidar muito bem com as emoções no começo”, admitiu, por sua vez, Meligeni, explicando o porquê de ter ‘acusado’ a pressão de jogar na Davis: “você não está jogando só por você, esta jogando pelo seu país. É um peso positivo, mas, às vezes, é difícil controlar essas sensações, esses sentimentos”.