As grandes penalidades decidiram a eliminatória que o FC Porto levou em vantagem até Londres depois de um golaço de Galeno ao cair do pano da primeira mão. A equipa de Sérgio Conceição chegou a Londres com uma estratégia bem montada e foi a partir da mesma que criou algumas dificuldades à equipa de Arteta.
Não consegui ver o jogo em direto, mas rapidamente ouvi alguns comentários que me deixaram intrigado, com uma "exibição muito boa do FC Porto, em que a equipa de Conceição jogou olhos nos olhos com o Arsenal".
Não poderia estar mais em desacordo. Depois de ver a partida, chego a conclusão que o FC Porto foi uma equipa muito reativa, extremamente dependente daquilo que os 'gunners' conseguiam fazer no jogo.
A estratégia de Sérgio Conceição passou por tentar anular sobretudo o meio-campo do Arsenal, com marcações apertadas de Alan Varela sobre Jorginho, Nico sobre Odegaard e Pepê sobre Declan Rice - foi tão visível que vimos Varela em zonas muito avançadas e Pepê em zonas muito recuadas.
Enquanto que estes dois últimos foram exímios nas suas marcações, Nico não teve tanto sucesso. Odegaard apareceu muitas vezes a ganhar as 'segundas bolas'. O Arsenal construía curto a partir de pontapé de baliza, de forma a atrair pressão, e rapidamente fazia passes longos, ganhando muitas vezes o ressalto da jogada - com destaque para Odegaard que ganhou inúmeras vezes a posse de bola. Num desses ganhos de bola, faz uma jogada de mestre, encontrando Trossard que faria o único golo da partida. Enquanto que a primeira mão foi destacada pela capacidade com que o FC Porto conseguiu anular o norueguês, desta vez os dragões não foram tão eficazes nesse aspeto.
A equipa de Sérgio Conceição esteve coesa a defender, porém não conseguiu impedir o Arsenal de criar inúmeras ocasiões de perigo, sobretudo através da bola parada - momento onde os 'gunners' são extremamente eficazes.
Um dos maiores méritos da equipa de Sérgio Conceição passa por não ter sofrido qualquer golo através deste momento de jogo. No entanto, os dragões muito raramente conseguiram chegar à baliza de Raya com perigo - recordo-me de um remate de Evanilson defendido pelo guarda-redes espanhol e um ou outro contra-ataque rápido.
Já o Arsenal viu um golo ser anulado por uma falta de Havertz sobre Pepe, viou ainda Diogo Costa defender um remate muito perigoso de Gabriel Jesus e teve até aos segundos finais dos 90 minutos com oportunidade para fazer o 2-0.
O jogo foi para prolongamento, mas também nestes 30 minutos o domínio foi do Arsenal de Arteta. O FC Porto continuou a defender num bloco médio-baixo procurando sobretudo transições ofensivas. O Arsenal foi criando mais oportunidades, mas nunca com o critério que teve nos jogos anteriores de Premier League.
É um resultado que deixou o FC Porto na luta até ao final, onde os dragões têm mérito por conseguir sofrer apenas um golo, mas que não deixaram de conceder inúmeras oportunidades aos 'gunners'.
Claro que os dragões não têm os mesmos argumentos individuais que os londrinos, todavia é descabido dizer que 'mereceram o empate' (palavras de Sérgio Conceição). Sou da opinião que o FC Porto foi das equipas que melhor perturbou o Arsenal na presente temporada e que soube anular muito bem as suas mais-valias, mas que ainda assim pouco conseguiu criar em comparação com os londrinos.
Muito mérito para o FC Porto, para o plano estratégico de Sérgio Conceição e para o trabalho individual de muitos jogadores portistas. Todavia, ainda assim, um melhor Arsenal. As grandes penalidades ditaram o fim de uma ótima campanha europeia portista.
PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.
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