De empate em empate, o FC Porto vai afastando-se cada vez mais da liderança da I Liga. Este sábado, deixou dois pontos no Caldeirão dos Barreiros no Funchal, num campo onde não vence desde 2012. A equipa de Nuno Espírito Santo apenas venceu dois dos últimos sete jogos disputados na I Liga, ou seja, somou 11 dos 21 pontos em disputa. Esta equipa quer mesmo ser campeão? Se quer, não o tem demonstrado.

O jogo: Sem eficácia não há campeão

Se, por algum milagre, o FC Porto ainda chegar ao título, não será pelo seu futebol. Para uma equipa que luta pelo título de campeão, não se percebe que falhe tanto, numa fase tão adiantada da época, quando já só tem o campeonato em mente. Porque o FC Porto de antigamente não desperdiçava tantas benesses do Benfica. Porque o FC Porto de antigamente, nesta fase da época e na luta pelo título, jamais somaria apenas 11 pontos em 21 possíveis. O FC Porto está na situação em que está por culpa própria. Culpa de um futebol primário, de um treinador com poucas ideias e de uma equipa que parece ter medo de chegar à liderança.

O Caldeirão dos Barreiros é sinónimo de tremedeira para o FC Porto. Num campo onde não vence desde 2012, pedia-se outra atitude à equipa de Nuno Espírito Santo. E nesta fase tão adiantada da época, Nuno está a mexer em demasia no onze. Frente ao Marítimo, lançou o jovem Fernando Fonseca em detrimento do experiente Laýun (nem convocado foi), viu Brahimi voltar ao seu posto após dois jogos de castigo, Rúben Neves voltou ao onze face a lesão de Danilo e Herrera foi titular, relegando o criativo Óliver para o banco. A dupla André Silva-Soares foi desfeita, com prejuízo para o jovem português que deixou de ser titular.

Era um FC Porto com muitos jogadores tecnicistas, a fazer muito jogo interior, com Brahimi e Otávio a jogarem entre-linhas, com Herrera a descair no flanco direito e a fazer estragos. O Marítimo, com uma defesa povoada com cinco elementos, tentava sair no contra-ataque. Daniel Ramos, que continua sem perder em casa, já tinha empatado com o Sporting e vencido o Benfica. O técnico soube reagir às incidências do encontro, adaptou-se até conquistar um ponto.

Pelo lado direito, onde caiam Herrera, Otávio e estava Fernando Fonseca, o FC Porto ia desequilibrando a defensiva maritimista. E quando encontrava o caminho do golo, fazia o que tem feito em muitos jogos: desperdiçava. Exceção feita a Otávio que, aos 28, aproveitou um corte defeituoso de Zainadine para fazer o 1-0. Era importante matar o jogo, resolver a questão, mas Soares, ou melhor, Raúl Silva, assim não quis, negando o golo ao avançado do FC Porto aos 61 minutos.

E no futebol, quem não mata, morre. Djoussé entrou aos 66 e aos 69 empatou de cabeça, após canto. O crescimento do Marítimo no jogo era compensado com o empate. Nuno reagiu e desfez a equipa, apostando num 3-4-3 com Rui Pedro, André Silva e Soares na frente, mas, se dantes tinha havido pouca cabeça, nos minutos finais já era o coração a decidir. E quando assim é, as decisões raramente são boas.

Quando o FC Porto venceu o Arouca na 25.ª jornada, estava a um ponto do Benfica. De lá para cá, apenas venceu dois dos sete jogos disputados, ou seja, somou 11 dos 21 pontos em disputa. Nuno tem dito sempre que acredita num deslize do Benfica (e tem sido tantos) para chegar à liderança, mas como quer lá chegar se continua a perder pontos? O FC Porto de outros tempos já estaria, há muito, instalado na liderança. Mas os tempos são outros. E exigem reflexão pelos lados do Dragão.

Momento do jogo: Raúl Silva salva o 2-0 e mantém o Marítimo no jogo
Decorria o minuto 61 quando Soares teve nos pés o 2-0. O avançado recebeu um passe de Herrera na área, ´picou` a bola sobre Charles mas, no derradeiro instante, apareceu Raúl Silva a cortar em cima da linha e impedir o 2-0. O Marítimo continuava a acreditar até chegar ao empate.

Os melhores:
Daniel Ramos: Não perdeu qualquer jogo com os chamados ´três grandes` em casa. Frente ao FC Porto, mexeu bem na equipa, adaptando-se às circunstâncias até chegar ao golo e conquistar um ponto. Equipa muito bem preparada para travar o FC Porto.

Herrera: Titular no FC Porto depois de vários jogos no banco, foram dele as principais jogadas de ataque do FC Porto. Combinou muito bem na direita, ora com Fernando Fonseca, ora com Otávio. O lance do golo do brasileiro nasce de uma insistência sua. É dele o passe para uma perdida de Fernando Fonseca no primeiro tempo. E é dele a jogada que Soares podia ter feito o 2-0, mas Raúl Silva não deixou. Terá feito a melhor exibição da época.

Os piores:
Soares: voltou a falhar quando a equipa precisava do seu instinto matador. No primeiro tempo decidiu quase sempre mal as jogadas. Fez muitas faltas no ataque, falhou o 2-0 e não deu soluções à equipa. Tem vindo a descer de rendimento.

Processo ofensivo do FC Porto: para quem luta pelo título e numa fase tão adiantada da época, não se percebe a pobreza que é o jogo ofensivo do FC Porto. E nas poucas oportunidades de golo que cria, falha. Quando não é Soares é André Silva. Ou é Otávio. Ou Brahimi. Ou André André. Demasiado pouco para um candidato ao título.

Reações:

Nuno ainda acredita: "As oportunidades acabam quando terminar o campeonato"

Herrera: "Vamos ver o que acontece, está nas mãos de Deus"

Daniel Ramos: "Dizíamos que o Djoussé ia fazer o golo mais importante da época"

Raúl Silva: "Sofremos e também tivemos sorte"

Factos e curiosidades do jogo

Este é o 16.º empate do FC Porto em 2016/17. Nunca a equipa tinha empatado tantos jogos na mesma época.

Soares ficou em branco pela 6.ª vez desde que chegou ao FC Porto: os portistas não venceram nenhum dos jogos em que o brasileiro não marcou.

O FC Porto somou o 10.º empate neste campeonato: não chegava à dezena de igualdades numa só edição da prova desde 2004/05.

Desde 2004/05 que o Marítimo não terminava uma época sem derrotas em casa frente aos chamados `três grandes`.

Com Daniel Ramos, o Marítimo continua invencível nos Barreiros em jogos da Liga. Já são 14 encontros sem perder.

FC Porto não vence em casa do Marítimo na Liga há cinco épocas. É o pior registo de sempre dos azuis-e-brancos nos Barreiros.

O Marítimo fez o seu 11.º golo canto. É a equipa com mais golos através deste tipo de lance.

Este foi o 3.º empate do FC Porto nos últimos quatro, o quinto empate nas derradeiras sete jornadas. A equipa de Nuno conquistou apenas 11 pontos em 21 possíveis.

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