O Bayern de Munique demitiu um dos seus técnicos dos escalões de formação, acusado de comentários racistas, num caso que mereceu a abertura de inquérito policial.

O contrato foi rescindido "amigavelmente" entre o clube e este treinador, cujo nome não foi divulgado, segundo o comunicado do Bayern.

"Este é o primeiro resultado de uma investigação interna em andamento no centro de treinos de jovens do Bayern", destacou o clube, sugerindo que novas medidas podem ser tomadas no futuro.

O presidente do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge, declarou-se "furioso" há uns dias, após descobrir o caso, revelado pela televisão pública alemã ARD.

A emissora apresentou comentários com conotações racistas feitos na internet por um técnico de uma das suas equipas nos escalões de formação, cujo nome não foi divulgado, e reclamações dos pais dos jovens jogadores.

A princípio, o treinador garantiu que essas declarações eram falsas, antes de admitir que ele era o autor dessas mensagens, segundo a imprensa.

O profissional trabalhava no Bayern desde 2003 e a partir de 2016 assumiu a direção dos sub-9 a sub-15, relatou o semanário Der Spiegel, acrescentando que o demitido fez comentários discriminatórios sobre questões de "cor da pele, nacionalidade, religião" e contra a homossexualidade em geral.

Essas declarações "não correspondem de forma alguma aos valores que o clube defende", destacou Rummenigge na semana passada, após o início de uma investigação pela polícia de Munique.

O caso é ainda mais incômodo para o Bayern, porque a equipa da Baviera gosta de projetar uma imagem de clube consciente do racismo e de todas as formas de discriminação.

Em junho, logo após a morte de George Floyd nos Estados Unidos, um homem negro que morreu às mãos da policía, toda a equipa do Bayern Munique fez os trabalhos de aquecimento antes de um jogo, vestindo camisolas com o slogan 'Black Lives Matter' e a frase "cartão vermelho para o racismo".

A própria história do clube está ligada à discriminação. Fundado por judeus alemães em 1900, o Bayern foi "arianizado" com o início do regime nazista de Adolph Hitler em 1933, que expulsou todos os dirigentes e jogadores de futebol judeus.

Considerado pelos nazistas "o clube dos judeus", o Bayern entrou em declínio durante a guerra e teve que esperar duas décadas após o segundo conflito mundial para se tornar numa equipa de destaque na Alemanha.