E o João Mário chutou. E deu. Deu para o Benfica passar em primeiro no Grupo H, à frente do PSG... ao sexto critério de desempate: o número de golos marcados fora. Com os 6-1 ao Maccabi Haifa, na 6.ª e derradeira ronda da fase de grupos da Champions, os Encarnados chegaram aos nove golos fora de portas, contra seis dos campeões franceses.
Depois do empate a uma bola ao intervalo, os golos foram aparecendo em catadupa no segundo tempo, até ao tento final de João Mário aos 92. Nos festejos, o médio perguntou para o banco se dava para ser primeiro: a resposta viria poucos segundos depois, quando terminou o Juventus 1-2 PSG.
Estava consumado o milagre em mais uma noite de glória do Benfica na Liga Milionária, num encontro onde quase tudo correu bem aos Encarnados.
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O jogo: festival de golos na 2.ª parte aumentou a crença no milagre
O Benfica sabia que tinha de fazer um resultado melhor que o do PSG em Turim para alcançar o 1.º posto do grupo. Mais do que vencer, era preciso recuperar quatro golos, a diferença que separava parisienses e lisboetas na tabela. Se o PSG vencesse a moribunda 'Vecchia Signora' por um golo de diferença, o Benfica teria de ganhar o Maccabi Haifa por cinco golos. Difícil mas não impossível.
Verdade seja dita, a vitória do Benfica raramente foi ameaçada pelo Maccabi Haifa, que procurava fazer melhor do que a Juventus no outro jogo diante do PSG para seguir para a Liga Europa.
As primeiras ameaças israelitas deixavam antever uma noite difícil para o Benfica, mas assim que Gonçalo Ramos fez o primeiro, ficou a ideia de que muito dificilmente a vitória fugiria aos líderes da I Liga, mesmo que os israelitas tenham empatado pouco tempo depois, de grande penalidade.
Mas a vitória era pouca. Não chegava. Era preciso mais. Acreditar enquanto desse.
Com os três golos em menos de 15 minutos no segundo tempo, a crença no milagre aumentou e muito no Benfica, uma equipa que respira confiança em todos os sectores, em todos os jogadores. Quem foi titular brilhou, quem entrou no segundo tempo deu boa resposta.
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O 3-1 de Grimaldo foi aos 69 minutos, ao mesmo tempo que Nuno Mendes colocava o PSG na frente diante da Juventus, já depois de Petar Musa ter desfeito a igualdade no início do segundo tempo.
Quando Rafa fez o 4-1 aos 72, o primeiro lugar do Grupo H estava a dois golos. Henrique Araújo disse que ainda havia tempo, aos 88, João Mário fechou a noite com chave de ouro, num remate potente de fora da área, guiado pela crença de uma equipa que sempre acreditou que era possível.
O Benfica batia também o seu recorde de pontos numa fase de grupos da Champions (o anterior máximo era 12), assim como o seu recorde de jogos sem perder na prova milionária (11 jogos, contando com os da época passada), terminando pela terceira vez uma fase de grupos da Champions sem derrotas (1994/95, 2011/12 e 2022/23).
É o 22.º jogo do Benfica sem perder na época, onde é, a par do PSG, a única equipa sem derrotas nas principais ligas europeias. Roger Schmidt passa a ser o 3.º treinador do Benfica invicto nos 22 primeiros jogos no clube (1959/60 Bela Guttmann, 1964/65 Elek Schwartz tinham conseguido tal feito).
Quanto ao Maccabi Haifa, que fez tremer o PSG neste mesmo estádio (derrota 0-1) e bateu a Juventus (2-0), sofreu a sua maior derrota de sempre em casa em provas da UEFA, nesta que também foi a pior derrota de sempre de uma equipa israelita na Champions.
Momento-chave: Vai já daqui
Era o golo que falta para o milagre do Benfica em Terra Santa. João Mário encheu-se de fé e, do meio da rua, disparou uma 'bomba' que só parou no fundo das redes de Cohen, no segundos dos três minutos de compensação. Estava feito o milagre.
Os Melhores: Benfica, uma verdadeira equipa
Difícil escolher os melhores em campo do lado do Benfica. Bah destacou-se a nível ofensivo com duas assistências; Grimaldo brilhou com o golo mas pelo que deu no corredor esquerdo; Rafa foi brilhante enquanto esteve em campo, não só pelo golo mas pelo que criou e tentou; os que entraram disseram 'presente' com Musa e Henrique Araújo a marcarem e Chiquinho a fazer uma assistência.
Em noite 'não': Maccabi Haifa 'desapareceu' no 2.º tempo
O mérito dos 6-1 ninguém tira ao Benfica, mas a forma como os israelitas abordaram o jogo no segundo tempo deixa muito a desejar para o nível Champions. O Benfica entrou na defensiva contrária como quis no segundo tempo, marcando quatro golos, de todas as formas, sem contar com os que ficaram por marcar, pelas oportunidades flagrantes criadas. O Maccabi Haifa dava muito espaço na sua defensiva e cometia erros muito bem aproveitados pelo Benfica.
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