O governo britânico afirmou no domingo que cabe à BBC resolver a crise provocada pelo afastamento do ex-futebolista Gary Lineker de apresentador da estação pública, após criticar na sexta-feira o plano de imigração do executivo.

A cobertura desportiva da BBC foi novamente afetada no domingo devido à recusa de dezenas de funcionários em trabalhar em solidariedade com o principal apresentador do programa “Match of the Day” [o jogo do dia] e antigo internacional da seleção de Inglaterra.

Em declarações ao canal Sky News, o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, afirmou que não lhe cabe decidir se Lineker violou as regras de imparcialidade da BBC com o seu comentário no Twitter, na mesma linha do que já tinha referido o primeiro-ministro Rishi Sunak no sábado.

Em comunicado, Sunak disse entender que "nem todos concordarão" com seu polémico plano de negar asilo aos migrantes que chegam ilegalmente ao Reino Unido e salientou que deve ser a estação pública e o apresentador a resolver o diferendo.

A suspensão do ex-jogador, 62 anos, provocou uma onda de solidariedade entre seus colegas no sábado, obrigando a mudanças na programação desportiva de fim de semana da televisão pública.

O diretor-geral da BBC, Tim Davie, pediu no sábado desculpa por este distúrbio, mas descartou demitir-se, adiantando que espera chegar a um acordo sobre o uso das redes sociais que permita a Lineker regressar às suas funções no canal.

Já a oposição acusa a BBC de ter cedido à pressão do Governo ao suspender Lineker, numa altura em que também aumentam as críticas à nomeação, em 2021, de Richard Sharp para presidente da BBC.

No Twitter, onde tem 8,8 milhões de seguidores, Gary Lineker denunciou "uma política cruel dirigida aos mais vulneráveis, numa linguagem que lembra a usada pela Alemanha na década de 1930", numa referência ao regime nazi.

O antigo avançado, com 48 golos com a camisola inglesa, não reagiu publicamente à sua suspensão.