Volte-face na decisão ter ter público nas bancadas da I Liga. Ao contrário do que tinha sido anunciado, os jogos da derradeira ronda da I Liga já não vão contar com adeptos dentro dos estádios.
A Liga Portugal emitiu esta segunda-feira um comunicado no qual explica as razões deste passo atrás. Na base da decisão está "a incerteza, que permanece sobre as condições que as autoridades de saúde poderão vir a fixar", explica o organismo", que acrescenta que "seria impossível preparar um plano de implementação a um dia da realização dos jogos".
A Liga de Clubes tinha anunciado a 12 de maio que os jogos da 34.ª e última jornada da I Liga portuguesa de futebol vão poder contar com 10% da lotação dos estádios, com adeptos da equipa visitada e teste negativo à COVID-19.
Este regresso dos adeptos na última jornada da I Liga iria fazer parte de um conjunto de eventos-teste, explicou esta tarde a Ministra de Estado e da Presidência, após o Conselho de Ministros.
"Aquilo que vai acontecer na última jornada do campeonato é um evento teste. Não podemos dizer que vai haver um regresso aos estádios. É um conjunto de eventos de teste que, como os estádios têm características muito diferentes, será feito em todos os estádios onde há jogos na última jornada, não é nada mais do que isso. Têm existido eventos-testes de outra natureza e noutras atividades", disse Mariana Vieira da Silva.
Porém, tal decisão levantou desde logo alguma polémica. visto que nem todas as equipas teriam direito a apoio dos seus adeptos já que metade delas joga fora de casa. A medida gerava desigualdades, numa altura em que ainda há várias decisões em aberto na Primeira Liga, como o acesso às provas da UEFA e quem desce de divisão.
Essa é outra das razões que a Liga usa agora como justificação para este passo atrás, visto que "permitir que apenas uma parte das equipas pudessem ter o seu público presente nesta jornada decisiva, constituiria uma grave entorse à verdade desportiva e à equidade entre os competidores", admite.
Outra voz crítica da decisão do regresso do público aos estádios numa fase tão tardia da competição foi a de Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, que classificou a medida como "oportunista".
Assim, chegou a ser colocada a hipótese de também os jogos da 33.ª jornada, disputada no último fim de semana, virem a ter público, o que acabou por não se verificar. Como não terão, agora, público as partidas da derradeira ronda da prova.
Na deliberação anexa ao comunicado emitido, a Liga detalha a cronologia da troca de informação com o Governo e a DGS com vista ao regresso dos adeptos aos estádios, focando especialmente a dificuldade proporcionada pela preparação logística em tão curto espaço de tempo. A Liga reitera ainda que tentou que também os jogos da 33.ª e penúltima jornada - que findou no domingo - pudessem ter adeptos, proposta rejeitada pelo Governo.
Face a esta situação, a Liga de Clubes deliberou ainda “encetar, desde já, todos os necessários contactos com a tutela e com as autoridades de saúde para que, logo desde o início da próxima época 2021/22 possa retomar-se progressivamente a normalidade das assistências de público nos estádios das competições profissionais de futebol”.
Desta forma, e com a Taça de Portugal, em Coimbra, a 23 de maio, a não ter também prevista a presença de adeptos, o regresso do público aos estádios no nosso país irá dar-se a 29 de maio, na final da Liga dos Campeões, no Estádio do Dragão, na qual vão estar presentes 12 mil adeptos ingleses, seis mil de cada um dos clubes finalistas - Chelsea e Manchester City.
Leia na íntegra o comunicado da Liga a justificar a ausência de público nos estádios na derradeira jornada:
"Perante as informações trazidas a público sobre a possibilidade de realização de novos testes -pilotos com público na última jornada da Liga NOS, a Direção da Liga Portugal reuniu ordinariamente na passada sexta-feira, dia 15 e extraordinariamente na manhã de hoje, segunda -feira, dia 17.
Na reunião de hoje, os membros da Direção deliberaram, por unanimidade, não estarem reunidas as condições para a realização dos referidos testes e, em consequência, não autorizar a respetiva realização.
Com efeito, e conforme se lê na deliberação anexa, na incerteza, que permanece, sobre as condições que as autoridades de saúde poderão vir a fixar, seria impossível preparar um plano de implementação a um dia da realização dos jogos.
A esta ponderosa razão acresce a circunstância de, ao contrário do defendido pela Liga Portugal, a penúltima jornada não ter tido público nos estádios. Ora, com diversos objetivos desportivos ainda em aberto, permitir que apenas uma parte das equipas pudessem ter o seu púbtico presente nesta jornada decisiva, constituiria uma grave entorse à verdade desportiva e à equidade entre os competidores."
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