Já imaginaram o que é assistirmos a um futebol que quase parece futsal, a uma batalha campal e a Paulinho enquanto guarda-redes? Foi o que os pouco mais de 20 mil adeptos em Alvalade viram apenas nos minutos finais frente ao Marítimo.
Um jogo em que se lutava pela Champions e pela manutenção e em que a rivalidade e intensidade foi tal que até meteu inveja a muitos clássicos. O resultado, que normalmente é sempre o mais importante, é o que menos se fala.
A partir dos 85 minutos tivemos espetáculo também pelos piores motivos. Os Insulares estiveram até então a vencer por 1-0 (André Vidigal, 10') e os Leões deram a remontada por um auto-golo de Matheus Costa (85') e Coates (93'). Se dissermos que entraram duas macas em campo, muitos jogadores no chão, cartões amarelos a voar e um 2-2 que foi validado pelo árbitro, depois invalidado pelo assistente, e depois novamente validado pelo árbitro e invalidado pelo VAR... poucos iriam acreditar. Então e se dissermos que um dos goleadores do Sporting chegou a ser guarda-redes?
O Marítimo passou do céu ao inferno e o Sporting afinal ainda pode lutar pela Liga dos Campeões. Amorim também percebeu que a rotatividade a pensar no jogo seguinte às vezes paga-se cara! Bem longe, o Paços de Ferreira agradece por não ver confirmada a descida de divisão.
O jogo: Para ver só a partir dos 85 minutos
Com Arthur Gomes a fazer o papel de Nuno Santos e sem Chermitti (lesionado), o Sporting entrou logo com o pé esquerdo frente ao aflito Marítimo.
Foi preciso esperar apenas dez minutos para o 1-o dos Insulares. Vítor Costa fez o que quis da defesa dos Leões e bateu sem hipóteses Adán, aproveitanto para gelar as bancadas de Alvalade.
Também foi desde cedo que se tornou num jogo polémico e quente para todos os lados. À passagem da meia-hora, Edwards e Pedro Gonçalves reclamavam possíveis ações disciplinares na área adversária, mas Tiago Martins mandava seguir.
Tal como na primeira volta, o Sporting não conseguia nada deste Marítimo e as aproximações à baliza de Marcelo Carné eram muito tímidas. A equipa de José Gomes só agradecia.
No segundo tempo uma tripla alteração (entradas de Nuno Santos, Inácio e Morita) trouxeram um Sporting diferente. Trincão, de volta à desinspiração, também deu o lugar a Fatawu e a ordem era colocar a bola na área. Coates tornava-se de novo ponta de lança.
Pedro Gonçalves e Ugarte tentavam o golo, mas sem sucesso, até que chegaram os 85 minutos. Mal Alvalade sabia o que vinha dali...
Foi nos pés do internacional português que surgiu o empate, mas com colaboração do recém-entrado Matheus Costa que foi chamado a jogo para defender e ainda complicou mais. Marcelo Carné foi traído no 1-1.
Mas calma que isto não foi nada! Tiago Martins deu sete minutos de compensação que foram bem mais de dez. Em mais um lance de insistência, Coates deu o golo da vitória depois de uma primeira cabeçada de Paulinho e era a explosão de alegria e de alívio.
Começaram os primeiros desacatos no relvado até o retomar do encontro. A verdade é que, num piscar de olhos, o Marítimo ainda fez o 2-2 por Riascos. Mais insólito ainda foi o árbitro assistente invalidar o golo, Tiago Martins validar e ainda ter de esperar pelo VAR para recuar na decisão.
No meio de tudo isto, e da luta livre entre os jogadores, Adán foi expulso e com consequências diretas para o que aí vem: o guardião espanhol vai falhar o dérbi frente ao Benfica.
Tudo só acalmou com o apito final...
Momento do jogo: Coates, o herói provável de Amorim
Já sabíamos que o momento do jogo só podia surgir depois dos 85 minutos, mas a dúvida recaiu sobre o golo da vitória ou o lance caricato do falso empate do Marítimo. Fomos para o futebol sem rodeios e escolhemos o 2-1 de Coates já na compensação (93'). O central uruguaio foi a aposta provável de Amorim nos minutos final para o chuveirinho e fez lembrar os tempos de 2020/21 em que muitas vitórias deu ao na altura Campeão Nacional.
Os melhores:
Coates - Uma exibição coroada pelo golo da vitória nos minutos finais. Até então não tinha sido um jogo deslumbrante de Coates, mas foi no ataque que resolveu tudo.
Paulinho - O Sporting descobriu um novo guarda-redes que se pode dar ao luxo de agora ser o menos batido. Na frente de ataque, o internacional português assistiu para o 2-1 e na baliza segurou os últimos minutos depois da expulsão de Adán. Há um novo reforço para as redes leoninas?
Félix Correia - Um dos mais inconformados na frente de ataque do Marítimo, apesar da postura mais defensiva da equipa. Félix Correia foi um quebra cabeças que obrigou os defesas do Sporting a terem atenção às subidas e às costas.
O pior:
Equipa de arbitragem e descontrolo emocional nos últimos minutos - Não é habitual sermos críticos da arbitragem, mas dá a sensação de que Tiago Martins e a sua restante equipa não esteve à altura do jogo. Principalmente a partir dos 85 minutos, o juiz do encontro perdeu o controlo dos jogadores e o lance do 2-2 do Marítimo é a prova de que algo não estava bem. O árbitro auxiliar anula e o principal valida... O comportamento dos jogadores nos minutos finais também é reprovatório.
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