O Benfica voltou a tropeçar e viu o fosso para a liderança do campeonato aumentar ainda mais, agora para 15 pontos. Na visita a Faro, pela primeira vez em mais de 19 anos, as águias não foram além do nulo frente ao Farense, num jogo em que apenas se pode queixar de si própria, face ao desperdício de oportunidades.

O jogo: "Muita parra e pouca uva"

Para a visita a Faro, Jorge Jesus promoveu seis alterações no onze inicial, quando comparado com a equipa titular que apresentou a meio da semana, frente ao Arsenal, para a 1.ª mão dos 16-avos de final da Liga Europa: entraram Gilberto, Nuno Tavares, Rafa, Gabriel, Everton e Seferovic, para ocuparem os lugares de Lucas Veríssimo, Diogo Gonçalves, Pizzi, Weigl, Grimaldo e Waldschmidt.

Já do lado dos ‘leões de Faro’, Jorge Costa fez quatro alterações, face ao último onze apresentado frente ao Vitória de Guimarães, com as saídas de Alex Pinto, Abner, Mansilla para as entradas de Bura, Fábio Nunes e Licá.

Num relvado imaculado, apesar da chuva dos últimos dias, o Benfica começou a partida com um aviso dos algarvios, que obrigaram Helton Leite a sair dos postes para impedir que Pedro Henrique se isolasse, no primeiro minuto.

A primeira oportunidade do jogo surgiu aos oito minutos, com Darwin, do meio da rua, a atirar ligeiramente ao lado da baliza defendida por Defendi.

O Farense respondeu aos 14 minutos quando, após passe de Lucca, Pedro Henrique ficou frente a frente a Helton Leite, mas viu o seu remate ser defendido com uma grande intervenção do guardião encarnado.

Depois de uns minutos iniciais com algum ‘transito’ no meio-campo, as águias começavam a crescer na partida e estiveram perto do golo aos 19 minutos quando Everton, depois de combinação com Darwin, obrigou o guarda-redes dos algarvios a uma grande defesa, impedindo o golo do brasileiro.

Aos 25’, depois de uma arrancada de Nuno Tavares pela esquerda, Darwin apareceu na posição certa para fazer o golo, mas a pontaria do uruguaio não foi a melhor e desperdiçou mais uma oportunidade de golo.

O ascendente era dos encarnados nesta altura, com os algarvios a limitarem-se à defesa e a darem muito espaço às águias no corredor esquerdo.

11 minutos depois, os encarnados voltaram a ter uma grande oportunidade quando, depois de uma falha da defesa do Farense, Rafa ficou frente a frente a Defendi, mas, mais uma vez, complicou na altura da finalização e permitiu que Eduardo Mancha tirasse o perigo dali.

A jogada mereceu críticas de Jorge Jesus após o jogo, por uma alegada falta do defesa algarvio no ribatejano, que ficou a pedir grande penalidade aos 36 minutos com o árbitro Hugo Miguel a mandar seguir.

Ora, é uma boa altura para usarmos um daqueles chavões do futebol: quem não marca, sofre… ou melhor, sofreria se não fosse fora de jogo. Licá, após passe longo de Lucca, atirou de primeira para o fundo da baliza de Helton Leite, tento que acabou por ser anulado por posição irregular do jogador do Farense aos 40 minutos.

Chegados ao intervalo com um zero a zero, o resultado era claramente penalizador para as hostes encarnadas, que contaram com diversas oportunidades para desfazer o nulo, mas a falta de pontaria foi ‘fatal’ para o empate no final dos primeiros 45 minutos. Já o Farense, mesmo passando mais tempo na defesa, contou com duas grandes oportunidades e chegou mesmo a colocar a bola no fundo das redes.

O segundo tempo começou sem alterações nas equipas e com o Farense a pedir uma grande penalidade, aos 50 minutos, depois de Licá cair no interior da grande área após contacto com o Nuno Tavares, mas nem Hugo Miguel, nem o VAR consideraram falta do defesa encarnado.

Os encarnados continuavam por cima e Jorge Jesus optou por mexer na equipa antes da passagem dos primeiros 10 minutos da segunda parte, com a saída de Darwin e de Gilberto para a entrada de Waldschmidt e Diogo Gonçalves para dar outro fulgor ofensivo às águias.

Rafa voltou a ter nos pés uma grande oportunidade para marcar, mas, à semelhança do que aconteceu na primeira parte, não finalizou da melhor forma e viu Defendi impedir a sua tentativa de chapéu com uma grande defesa aos 60 minutos.

O Farense aproveitava a crescente intranquilidade encarnada para ir reagindo e criando perigo a espaços. Aos 68’, com um remate à meia-volta, Pedro Henrique obrigou Helton Leite à defesa.

Em campo há cinco minutos (entrou juntamente com Grimaldo aos 65’), Pizzi também teve oportunidade de desfazer o nulo quando aos 70 minutos, após passe de Waldschmidt, atirou ao poste da baliza do Farense.

Três minutos depois, na sequência de um cruzamento de Diogo Gonçalves e após Waldschmidt falhar o remate, a bola sobrou para Seferovic que, à semelhança dos seus colegas, não teve a melhor pontaria.

A pressão aumentava do lado da equipa encarnada e o Farense aproveitava. Primeiro foi Ryan Gauld, aos 77’, a obrigar Helton Leite a esticar-se para, com a ponta dos dedos, impedir males maiores.

Depois, aos 80’, num excelente exemplo da incapacidade encarnada nesta altura, os algarvios estiveram quase 30 segundos a rondar a baliza de Helton Leite, sem que a defesa das águias conseguir retirar o esférico da zona. Gauld desperdiçou um erro de Rafa para cabecear para uma baliza deserta e valeu o guardião das águias, 27 segundos depois, a segurar o esférico e a permitir que o Benfica respirasse.

Os nervos e o stress eram bem visíveis nos encarnados, que mostravam cada vez mais dificuldade em criar uma jogada com pés e cabeça para ameaçar a baliza de Defendi. Foi com mais coração que razão que as águias chegaram junto da grande área algarvia aos 90+2 minutos, na sequência de um canto, em que Taarabt atirou de fora de área, mas para fora.

Foi um Benfica perdulário que se viu em Faro e que só se pode queixar de si próprio por não regressar a Lisboa com três pontos. Os encarnados contaram com diversas oportunidades de golo, mas voltaram a falhar na hora de finalizar, à semelhança do que se tem visto nos últimos jogos.

É verdade que o futebol é incerto e que o que parece certo hoje, amanhã pode não o ser, mas 15 pontos de distância para o primeiro lugar parece, nesta altura e pelas exibições encarnadas, algo irrecuperável e o título, esse, uma miragem.

Além da distância para o primeiro lugar, as águias ficaram a quatro pontos do SC Braga e, provisoriamente, a dois do FC Porto, que só joga esta segunda-feira contra o Marítimo. Mas não é só com os da frente que o Benfica se tem de preocupar: o Paços de Ferreira está ali já a um ponto de distância...

O melhor: Defendi

Nos remates certeiros das águias, o guardião dos algarvios disse “presente” e apareceu em boa forma para impedir os golos encarnados. Destaque para intervenção aos 19 minutos, no remate de Everton e aos 60’, no remate de Rafa.

O pior: Tanto desperdício…

Não é de agora e já se tem vindo a mostrar nos últimos jogos, mas o desperdício dos encarnados tem de acionar alertas no quartel-general encarnado. As águias criam oportunidades, chegam à grande área adversária, mas na hora de levar a bola para o fundo da baliza, tudo falha. Darwin e Rafa foram os mais perdulários da noite.

Reações

Rafa: "É um resultado injusto"

Ryan Gauld: "O mais importante é que pontuámos aqui em casa, contra uma equipa muito forte"

Jesus: "Falta um jogador que meta a bola dentro da baliza"

Jorge Costa: "Empatar com o Benfica é sempre um resultado positivo"

Resumo

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