Foi criada, esta terça-feira, uma petição pública para a destituição de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, de sócio do FC Porto, depois dos incidentes da noite de segunda-feira, na Assembleia Geral Extraordinária do clube azul e branco.

De recordar que a AG devia ocorrer no Auditório do Dragão, com capacidade para 400 pessoas, mas devido a forte afluência de sócios - mais de quatro mil -, foi mudada para o Dragão Arena. A mesma seria suspensa devido a cenas de pancadaria e intimidação nas bancadas, o que levou, mais tarde, o presidente da MAG a adiar a Assembleia Geral para o dia 20 de novembro.

O criador da petição pública escreve que a "preservação dos valores éticos, morais e desportivos é essencial para a prosperidade e reputação do Futebol Clube do Porto".

"Infelizmente, as ações do Sr. Fernando Madureira têm levantado sérias preocupações em relação a esses princípios", garante.

"Conduta inadequada", "prejuízo à imagem do clube" e "desrespeito a outros sócios" são os três motivos apontados para que Fernando Madureira, também conhecido por 'Macaco', seja destituído de sócio do FC Porto.

Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto foi reagendada para 20 de novembro
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"Com base nos motivos expostos, solicito a Vossa Excelência José Lourenço Pinto, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do FC Porto, que convoque uma Assembleia Geral Extraordinária para que os sócios possam deliberar sobre a destituição do Sr. Fernando Madureira como membro do Futebol Clube do Porto", termina a petição.

A Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto foi suspensa na madrugada de segunda para terça-feira anunciou o presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) do clube, com os trabalhos a serem retomados em 20 de novembro, às 21:00, no pavilhão Dragão Arena.

Numa nota publicada no seu sítio oficial na Internet, o clube da I Liga de futebol revelou a posição tomada por José Lourenço Pinto, sem especificarem as razões, na sequência de uma sessão magna agitada e com confrontação entre sócios, que incidia na deliberação dos novos estatutos do clube, mas, face à forte afluência, transitou de local à última hora.

A AG extraordinária estava agendada para começar a partir das 21:00, num auditório do Estádio do Dragão, com capacidade para quase 400 pessoas, número largamente inferior à quantidade de sócios que se juntaram nas imediações, motivando a MAG a transferir os trabalhos para o Dragão Arena, que ultrapassa os 2.000 espetadores em dias de jogos.

A reunião magna reiniciou já depois das 22:30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.

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José Fernando Rio e Nuno Lobo, candidatos batidos por Jorge Nuno Pinto da Costa nas últimas eleições do clube, em 2020, estavam inseridos nas longas filas que se formaram desde o início da noite junto ao recinto do FC Porto, com o empresário a assegurar, em declarações à comunicação social, que solicitará a impugnação desta AG extraordinária.

“Somos todos Porto. Não foi uma noite feliz, é verdade. Lamentamos o sucedido, mas a responsabilidade é de quem organiza a AG, tal e qual já aconteceu noutros clubes. Como sócios, reservamos o direito de não concordar com dois ou três artigos que nos parecem ilegais em qualquer sociedade comercial. No local próprio assumiremos a discordância”, frisou Nuno Lobo, numa nota enviada às redações instantes depois do anúncio da MAG.

André Villas-Boas, ex-treinador e potencial candidato às próximas eleições do FC Porto, também compareceu e censurou os moldes da AG de aprovação do projeto de mudança estatuária, que troca abril por junho como limite para a realização das eleições do clube.

“Um dos dias mais negros da história do FC Porto. Sem vergonha, sem escrúpulos, sem respeito nenhum pelos associados deste grande clube. No dia 20 de novembro os sócios marcarão de novo presença. O FC Porto precisa de se encontrar nos seus princípios, nos seus valores e nas suas bases. O que se passou hoje não poderá nunca [mais] voltar a repetir-se”, lamentou o ex-técnico, reagindo nas suas redes sociais ao adiamento da AG.

Numa entrevista concedida há quase três semanas ao semanário Expresso, André Villas-Boas, de 46 anos, admitiu a hipótese de concorrer às eleições quadrienais dos ‘azuis e brancos’, que decorrerão em 2024, mas ainda não têm qualquer candidatura anunciada.

A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.

Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os ‘dragões’, desde que salvaguardem o “manifesto interesse do clube”.

Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.