“Aquilo que diziam ser uma calúnia, pelos vistos, tinha pernas para andar. Há coisas que lesaram gravemente o clube, que têm de ser investigadas por quem de direito”, disse à agência Lusa Júlio Adrião.

“São coisas que, se não acabaram com o clube, andam lá próximo”, acrescentou, atirando a responsabilidade pela difícil situação financeira do Vitória de Setúbal para o que diz terem sido “gestões ruinosas”.

Convicto de que são alguns desses factos do passado que estão agora a ser averiguados pelas autoridades, Júlio Adrião reconhece, no entanto, que a denúncia apresentada junto das autoridades judiciais não foi muito bem vista pelos restantes membros da actual direcção do Vitória de Setúbal.

“Fomos acusados de ter provocado um atraso no processo de um pedido de empréstimo”, disse o dirigente sadino, assegurando que a denúncia foi apresentada com o único intuito de ressarcir o clube, considerando que o "Vitória de Setúbal foi gravemente lesado”.

Questionado pela Lusa, Júlio Adrião garantiu que não tenciona demitir-se do cargo que ocupa na direção do Vitória de Setúbal, a não ser que seja convidado para o fazer pelo presidente Fernando Oliveira, a mesma pessoa que o convidou a integrar os órgãos sociais.“Se isso acontecer, apresento a demissão de imediato e estou convicto de que o João Martins – outro dirigente que subscreveu a denúncia apresentada ao Ministério Público – fará a mesma coisa”, concluiu Júlio Adrião.

Segundo fontes do clube, as buscas efectuadas hoje nas instalações do clube e da SAD teriam como objectivo a recolha de documentos relacionados com os factos referidos numa queixa-crime apresentada recentemente pelos directores do clube Júlio Adrião, Américo Rosa e João Martins.

A queixa-crime estava relacionada com a alegada deturpação da transcrição de uma ata e com a venda do terreno do Pavilhão Antoine Velge e logradouro (Lote 9) por 100 000 euros à imobiliária Sadisetúbal e a posterior venda à Sociedade Lusa de Negócios (SLN) de 60 por cento das acções daquela imobiliária, que antes era detida a 100 por cento pela Sociedade Geral de Participações Sociais (SGPS) do Vitória de Setúbal.

Em 18 de Março, os antigos dirigentes do Vitória de Setúbal Jorge Goes e Mariano Gonçalves anunciaram a intenção de processar judicialmente os três directores que os acusaram de terem deturpado uma autorização da Assembleia Geral para vender o Pavilhão Antoine Velge, por “denúncia caluniosa”.

“A gravidade desta afirmação não pode ficar impune, já que corresponde a uma acusação de deturpação de atas, isto é, de cometimento de uma ilegalidade”, disse o antigo presidente do Vitória de Setúbal Jorge Goes, que nega todas as acusações e subscreve a queixa-crime contra os três sócios, juntamente com o antigo vice-presidente Mariano Gonçalves.

Ao final da tarde de hoje, a direcção do Vitória de Setúbal apelou à "serenidade de todo o universo” do clube, que luta pela manutenção na Liga de futebol, e desejou que as buscas da PJ contribuam para o “esclarecimento total dos factos”.