Com o capitão ao 'leme' da 'nau', Portugal mostrou estar pronto para enfrentar o que lhe aparecer pela frente na Rússia, onde se vai bater com a elite do futebol mundial pelo título mais desejado do Mundo. Na despedida antes do embarque para o Mundial2018, brilhou o 'Ducati' Guedes, autor de um bis, nos 3-0 a uma Argélia que ofereceu pouca resistência. A 'máquina' parece 'oleada' apesar de o Engenheiro do Euro2016 ainda querer mais. E percebe-se: vem aí a Espanha, agora a doer.
O jogo: Jogo quase de sentido único
No primeiro e único jogo de Cristiano Ronaldo nos três de preparação que Portugal vez, o capitão comandou as 'tropas' num encontro de sentido único, que serviu mais para criar dúvidas na cabeça de Fernando Santos, mas também para mostrar a mais-valia dos 23 que vão a Rússia. Gonçalo Guedes, o escolhido para fazer dupla com Ronaldo na frente, justificou a aposta, tal com Bruno Fernandes, que parece ter ganho vantagem sobre João Mário.
Apesar do bom entrosamento já demonstrado por Portugal, com alguns princípios de jogo que Fernando Santos, algumas movimentações em campo, a verdade é que o adversário pouco mostrou para colocar a prova os lusitanos. A Argélia, que falhou o apuramento para o Mundial2018 e ficou em último no seu grupo em África (atrás de Nigéria, Camarões e Zâmbia), viveu de rasgos individuais de Brahimi, promovido a capitão, e Riyad Mahrez. De resto, os magrebinos pareciam querer o apito final o mais cedo possível. Os laterais raramente acompanhavam as movimentações ofensivas, os médios, sem criatividade, também não subiam em bloco para ajudar quando Brahimi e Mahrez tentavam levar a equipa para a frente. Slimani foi presa fácil entre Pepe e Bruno Alves. Demasiado pouco, mas nada que surpreendesse, dado que esta mesma seleção foi derrotada em casa na semana passada por Cabo Verde por 3-2.
As fragilidades argelinas começavam logo na defesa. A equipa tentava sair a jogar desde trás, mas bastava Portugal estar bem posicionado para ganhar a bola. Demasiados passes errados, falta de mobilidade dos médios centro e os extremos Brahimi e Mahrez pelo centro ajudavam a afunilar o jogo exatamente na zona onde Portugal tinha mais homens. Duas jogadas dos dois craques das alas foi o melhor que a formação de Rabat Madger conseguiu no primeiro tempo.
E quando a equipa magrebina tentava subir e perdia a bola, demorava a recuperar, deixando muito espaços nas costas. Foi assim que William descobriu Bernardo Silva que assistiu Guedes para o 1-0 aos 17 minutos. Primeiro golo de cabeça na carreira do avançado, primeiro tento na Seleção à 10.ª internacionalização. O 2-0, aos 37, é um movimento típico de Cristiano Ronaldo, que caiu na faixa esquerda, recebeu e centrou para a cabeça de Bruno Fernandes marcar também o seu primeiro golo pela seleção A, ao sexto jogo. Movimentos simples, mobilidade, médios a aparecerem na zona dos avançados e avançados na zona dos médios.
No segundo tempo as muitas substituições quebraram a dinâmica da Seleção, em parte porque também a Argélia cresceu, teve mais bola, embora sem criar lances de verdadeiro perigo. Guedes ainda foi a tempo de bisar aos 55, Ronaldo falhar duas oportunidades e um pontapé de bicicleta dentro da área, João Mário fazer um golo que o VAR anulou (e bem) e Rui Patrício fazer duas defesas seguras.
Era o regresso de Portugal às vitórias, depois de dois empates e uma derrota nos últimos três jogos. Oportunidade para Moutinho somar a 110.ª internacionalização, ficando apenas atrás de Ronaldo, Figo e Nani. CR7 fez o jogo 150 pela Seleção A, distanciando-se ainda mais na liderança. A nível Mundial
Uma palavra para o Estádio da Luz, que voltou a ser talismã, já que este foi a sétima vitória seguida de Portugal na casa do Benfica. Apesar da chuva que caiu durante toda a tarde e noite, os 53014 deram por nem empregue o seu tempo e dinheiro. A seleção descansa esta sexta-feira e sábado parte para a Rússia, carregando o sonho de 10 milhões. Sonhar é possível e esta seleção já mostrou que pode tudo.
Momento-chave: Gonçalo Guedes abriu o cofre em sociedade 'Made in Seixal'
Corria o minuto 17 quando Portugal abriu o ativo por Gonçalo Guedes. O avançado aproveitou um passe de cabeça de Bernardo Silva para rematar de primeira, fazendo o 1-0.
Polémica: VAR voltou a mostrar a sua utilidade
Os números do encontro podiam ser outros, não fosse o desperdício de Portugal e a intervenção do vídeo-árbitro. Aos 83 minutos, João Mário colocou a bola no fundo das redes de Salhi. O árbitro inglês Craig Pawson começou por dar golo, mas, alertado pelo VAR, invalidou a jogada já que Guedes dominou a bola com o braço. O VAR a mostrar porque será tão útil no Mundial2018. Antes, no primeiro tempo, o árbitro tinha anulado, mal, um golo a Cristiano Ronaldo, numa jogada em que o português estava em linha. O VAR não interveio já que não era uma jogada clara. Mas CR7 parece estar em linha com o último defensor argelino.
Os melhores: Guedes e Bruno Fernandes acenam ao onze
Gonçalo Guedes foi o melhor em campo. Não só pelos dois golos, mas também pelo que jogou e fez jogar. O avançado parece ter ganho vantagem sobre André Silva na luta por um lugar no onze, no ataque, ao lado de Cristiano Ronaldo.
Outro que também parece ter ganho o posto é Bruno Fernandes. Grande jogo do médio do Sporting, coroado com um golo de cabeça, a passe de Ronaldo. Lutou, ganhou muitas bolas, mostrou sentido posicional, apareceu muitas vezes em zona de finalização, exatamente aquilo que Fernando Santos quer de pelo menos um dos médios.
Uma palavra para os quase 54 mil espetadores que estiveram nas bancadas, mesmo com a chuva que caiu durante todo a noite e durante o encontro.
Os piores: Esperava-se mais da Argélia
A Argélia mostrou porque tinha perdido com Cabo Verde no amigável anterior a este, em casa. Os magrebinos foram uma presa fácil, principalmente na defesa, onde a equipa cometeu muitos erros, principalmente na saída de bola. No ataque, viveu quase sempre das iniciativas individuais de Brahimi e Mahrez. Muito pouco. Rabat Madger deve ter os dias contados como selecionador.
A voz dos protagonistas:
Fernando Santos: “Ainda estamos longe do ideal, é com o campeonato que vamos crescer”
Bruno Alves: “Importante é começar bem e a ganhar”
Bruno Fernandes: “Aqui o lugar na equipa ganha-se nos treinos durante a semana”
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