De passo apressado entre as bancadas junto aos tatamis, quase sempre de papéis na mão, ora a verificar pormenores ou a dar informações, é um pouco da logística atarefada da ex-judoca Leandra Freitas.

A antiga internacional portuguesa é um dos rostos da Federação Internacional de Judo (FIJ), a carreira que encontrou depois de deixar em 2017 a competição e na qual mostra que está feliz, dando passos firmes na ribalta do judo mundial.

Entre mãos tem vários projetos, o mais recente a publicação “Judo Legends”, um magazine ilustrado com banda desenhada que homenageia antigas estrelas do judo e também grandes nomes da atualidade, que se pretende anual e que possa ser publicado por cada federação no seu idioma.

“É a primeira edição e decidimos fazer o lançamento cá, mas o plano é distribuir a cada federação nacional e esta traduzir, para ter a língua materna de cada país. E também para educar as crianças e é muito mais atrativa”, num projeto que insere códigos QR, permitindo também a visualização de combates.

Mas mais do que a nova revista, a antiga judoca divide-se em múltiplas funções na FIJ, organismo em que se encontra já há cinco anos e onde abraça também o projeto “Judo in schools” (de promoção nas escolas para as crianças).

“Durante quatro anos estive ligada a tudo o que é protocolo e a logística no World Judo Tour, nas competições internacionais, mas também trabalho no escritório do presidente Vizer [Marius] em Budapeste e faço tudo o que é projetos para crianças”, revelou à agência Lusa a antiga judoca.

Em Tashkent, a capital do Uzbequistão, onde desde quinta-feira decorrem os Mundiais da modalidade, a antiga atleta, natural da Madeira, trabalha na comissão desportiva.

“A nossa comissão assegura que a competição está a decorrer da maneira como deve ser, que as coisas estão bem colocadas (…), que os árbitros entram a tempo, que os atletas entram a tempo, que a zona de aquecimento esteja também bem, seguindo sempre as nossas regras, temos um livre de regras. Temos que andar sempre a circular pelo ‘estádio’”, explicou Leandra Freitas.

A ex-judoca, atualmente com 34 anos, reconheceu que o trabalho é intenso, mas com a satisfação final de se compreender a organização desportiva: “não é nada fácil, tenho trabalhado em vários departamentos, e com conexão em vários, acaba por ser muito gratificante, tenho aprendido imenso nestes cinco anos”.

Leandra Freitas sorri quando questionada se é a única portuguesa na FIJ e diz existirem outros compatriotas a trabalhar na tecnologia de informação do organismo, em ‘outsourcing’, mas que pensa ser a única vinculada mesmo à Federação.

Na União Europeia de Judo, Portugal conta com a também ex-judoca Catarina Rodrigues em importantes funções de liderança, a primeira mulher a ocupar o cargo de Head Sport Director (Diretora Desportiva Principal) na UEJ.

“Também tenho trabalhado com a Catarina, que está cá a observar a maneira como trabalhamos, porque querem também passar da FIJ para a UEJ, então temos trocado muita comunicação, e estou a adorar trabalhar com ela, é uma profissional espetacular”, elogiou.

A nova vida acabou por surpreender Leandra Freitas, desde logo com o facto de se ter mudado para Budapeste, já depois de ter tirado Educação Física em França, após imaginar que o futuro podia passar pelo treino ou ser professora.

“Isto, a ida para a FIJ, aconteceu por coincidência e porque aproveitei todas as oportunidades que foram surgindo”, admitindo que foi uma bênção o que lhe aconteceu, numa carreira em que quer crescer, apesar das saudades que continua a ter da família na Madeira.