Bruno de Carvalho falou esta segunda-feira sobre o risco de insolvência no clube, na sequência das rescisões por justa causa de seis jogadores: Bruno Fernandes, Gelson, William, Bas Dost, Rui Patrício e Podence.

Sporting confirma rescisões de William, Gelson e Bruno Fernandes
Sporting confirma rescisões de William, Gelson e Bruno Fernandes
Ver artigo

"O xeque-mate é exatamente esse, é colocar a dúvida nos sportinguistas se haverá clube ou não. Utilizar os jogadores para isto é inédito no futebol português. Não está a ser benéfico para as contas do Sporting. Por muito resistentes que sejamos, temos de dar as duas alternativas possíveis aos associados e aos ativos que passaram a querer gerir o clube. Uma será pela AG e não será por dez dias que o Sporting sofrerá mais. Outra será pelas cartas. Voltarmos as costas ao Sporting neste momento resolvia o quê? Vender um jogador por dez milhões resolvia algo no momento. Mas isso seria como antigamente, em que se vendia jogadores para pagar ordenados. É isso que querem? Voltar a esse momento?", disse o líder dos 'leões' em conferência de imprensa.

Bruno de Carvalho assegurou ainda que não chegaram propostas a Alvalade pelos jogadores que saíram.

Bruno de Carvalho insultado em Alvalade. Adeptos pedem a demissão do presidente do Sporting
Bruno de Carvalho insultado em Alvalade. Adeptos pedem a demissão do presidente do Sporting
Ver artigo

"Não chegou nenhuma proposta pelo Podence, Gelson, William. Houve conversas, mas que eu saiba não houve formalização da proposta pelo Rui Patrício. Houve trocas de emails, vi nas notícias que o Sporting recusou propostas do Arsenal e outros, mas eu disse que até dia 15 não ia haver negociações e acho que isso é salvaguardar o património do Sporting", acrescentou.

"Estes processos de rescisão não vão dar em nada. Deixem-nos gerir o Sporting e seremos um exemplo para o futebol mundial, porque é o futebol mundial que está a ser posto em causa, com o vencedor destas rescisões por não justa causa. O que diria? Estaria ao lado do presidente porque não gosto de chantagens", frisou.

Sobre o planeamento da próxima época: "O plantel existe e existirá, independentemente destas rescisões, pois há jogadores que estava prevista a sua venda. A pré-época começa daqui a 10 dias porque não quisemos atrasar. Ainda falta muito para começar a época. Se chegámos ao clube e os jogadores não valiam nada, por que não ultrapassar também esta situação. Já tivemos uma situação mais complicada, em que o plantel podia ter rescindido todo, porque não tínhamos dinheiro."

Recorde-se que que o prazo legal para as rescisões por justa causa termina esta quinta-feira, 30 dias após as agressões em Alcochete (15 de maio), que estará na base destes pedidos de rescisão.

A crónica de uma crise: Desde a revolta até à opressão no reino do Leão
A crónica de uma crise: Desde a revolta até à opressão no reino do Leão
Ver artigo

A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 27 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.

Entre estes detidos, que ficaram em prisão preventiva, estão Fernando Mendes, ex-líder de claque Juventude Leonina, e o condutor do BMW azul que no dia das agressões entrou nas instalações da Academia do Sporting em Alcochete e retirou alguns dos alegados agressores.

Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, enquanto o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal. Bruno de Carvalho anunciado inclusivamente que avançou com processos crime contra ambos os jogadores.

No âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o 'team manager' do clube, André Geraldes.

Na sequência destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.