Marinho, Mário Tito e Mário Mateus são pai, filho e neto e todos jogaram no Atlético tornando-o o primeiro clube a ter tido nas suas fileiras três gerações consecutivas de futebolistas.
Este autêntico “clã Mateus” teve início na década de 60 com Marinho, que em 1967 se transferiu para o Sporting para se tornar uma das glórias do “leões”. O extremo direito, agora com 67 anos, estava longe de imaginar que iria deixar o seu cunho no clube de Alcântara por mais de 40 anos.
Tudo começou em 1962/63, quando Marinho se estreou pela equipa principal do Atlético frente ao Olhanense, sendo o autor de um golo na vitória por 2-1, então com 18 anos, depois só parou de brilhar na temporada 1979/80, então ao serviço dos “vizinhos” do Estoril-Praia.
Com Mário Mateus a dar os primeiros passos na equipa sénior do Atlético – de regresso ao segundo escalão 21 anos depois da última presença -, Marinho garante que não dá dicas ao neto, mas este diz, afinal, que não é bem assim e que recebe conselhos de todos.
«Tanto o meu pai como o meu avô falam regularmente comigo depois e antes dos jogos e dão-me muitas dicas. Tenho a certeza que se um dia vier a defrontar o Sporting o meu avô vai apoiar-me», disse à agência Lusa Mário Mateus, de 19 anos, que, à semelhança do pai e do avô, quer «deixar marca no Atlético».
Dois anos nos seniores da formação de Alcântara bastaram para que o Sporting rubricasse contrato com Mário Tito, mas quis o destino que acabasse emprestado ao Nacional, tendo depois passado pelo Estoril-Praia. Só em 1993/94 o então defesa regressou ao Atlético, mas na memória fica a estreia apadrinhada por um treinador especial.
«Não me recordo quem era o adversário. O nosso treinador era Jesualdo Ferreira. De início entrei nervoso, tinha 18 anos, mas depois de estar em campo as coisas acabam por surgir normalmente», salientou Mário Tito, que gostaria de ver o filho estrear-se a marcar frente ao Benfica.
«Não tenho nada contra o Benfica, até tenho um filho mais novo que é adepto do Benfica. Mas como passei pelo Sporting, o meu pai também e o Mário também gosta do Sporting... mas respeito todos os clubes», sustentou Mário Tito, de 43 anos.
Habituado às objetivas e microfones, não tivesse sido ele uma estrela ao serviço do Atlético e do Sporting, Marinho compara os primeiros passos do neto como profissional com os que teve na longínqua década de 60.
«Também tive oportunidade de jogar pelo Sporting e pelo Benfica, mas preferi continuar no Atlético. Ele também já teve essa oportunidade. Seguiu sempre os conselhos do avô. Há uma semana, a família estava preocupada porque ele não estava a jogar. Depois da estreia, frente ao Santa Clara, tudo mudou. Aproveitou a oportunidade», frisou Marinho.
Com facilidade em contar as suas memórias, o antigo extremo do Sporting emociona-se a falar da família e por isso sentiria muito orgulho se Mário Mateus dedicasse o primeiro golo ao pai e à mãe, «por todo o esforço que fizeram para que o filho venha a ter uma carreira bonita no futebol».
«Gostaria de ver o meu neto jogar num sítio onde ele se sentisse bem, onde o apoiassem. Ele trabalha muito bem dentro do campo. É bom colega. Vai fazer coisas bonitas, tenho a certeza», rematou Marinho.
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