O coronel Adilson Moreira, comandante da Força Nacional de Segurança Pública, órgão responsável pela segurança nos Jogos Olímpicos, demitiu-se e acusou a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, de falta de "escrúpulos".
Num correio eletrónico enviado aos seus subordinados e citado hoje na imprensa brasileira, o coronel anunciou a sua decisão e fez críticas ao Executivo e à chefe de Estado.
"A minha família exigiu a minha saída, pois não é preciso ser muito inteligente para saber que estamos sendo conduzidos por um grupo sem escrúpulos, incluindo aí a Presidente da República. Sinto-me cada vez mais envergonhado. O que antes eram rumores, concretizaram-se", lê-se no texto. Adilson Moreira acrescentou que a "administração federal não está interessada no bem do país, mas em manter o poder a qualquer custo".
O coronel, que estava no cargo interinamente desde janeiro, escreveu ainda que gostaria de ficar até ao final dos Jogos Olímpicos, mas que "não foi mais possível manter o foco na área técnica somente".
A demissão ocorre a cerca de quatro meses do início dos Jogos Olímpicos, que começam a 05 de agosto no Rio de Janeiro.
Segundo o jornal Estado de São Paulo, o Ministério da Justiça, do qual depende a Força Nacional de Segurança Pública, considerou, em comunicado, as declarações do coronel como "graves".
Como as declarações "podem implicar falta disciplinar e gesto de deslealdade administrativa", a tutela vai instaurar um inquérito administrativo e levar o caso à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, uma vez que o coronel mencionou o nome de Dilma Rousseff, de acordo com a mesma nota.
O órgão também pediu à Advocacia-Geral da União, responsável pela defesa do Executivo, que verifique se o correio eletrónico é passível de eventuais medidas judiciais contra o coronel.
A Presidente Dilma Rousseff vive momentos de impopularidade devido à crise económica e a suspeitas de envolvimento de elementos do seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), na Operação Lava Jato, que investiga um grande esquema de corrupção, incluindo o seu antecessor e mentor político, Lula da Silva.
A chefe de Estado enfrenta ainda processos de pedido de destituição do cargo, com base nas "pedaladas fiscais", atos ilegais derivados da autorização de adiantamentos de dinheiro e bancos para os cofres do Governo para melhorar o resultado das contas públicas.
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