A Austrália retirou-se da próxima série de críquete internacional contra o Afeganistão devido às novas restrições aos direitos das mulheres impostas pelo governo dos talibãs, anunciou hoje a organização que gere o desporto no país.

A seleção australiana deveria disputar três jogos com o Afeganistão em março, nos Emirados Árabes Unidos, mas a Cricket Austrália (CA) disse que decidiu acabar com a série depois de ter consultado o governo australiano e outras entidades, segundo agência norte-americana AP.

Os talibãs retomaram o poder no Afeganistão em 2021, após 20 anos de presença de uma força internacional no país, e voltaram a introduzir restrições aos direitos das mulheres a vários níveis.

O grupo extremista proibiu as mulheres de praticarem desportos, alegando que isso iria infringir as leis islâmicas, que interpretam rigorosamente, por não terem o cabelo e a pele cobertos.

A CA disse, num comunicado, que a decisão de se retirar da série internacional masculina de um dia se segue às recentes restrições impostas pelos talibãs à educação e oportunidades de emprego de mulheres e raparigas, e à proibição de frequentarem parques e ginásios.

“A CA está empenhada em apoiar o crescimento do jogo para mulheres e homens em todo o mundo, incluindo no Afeganistão, e continuará a envolver-se com o Conselho de Críquete do Afeganistão, em antecipação da melhoria das condições para mulheres e raparigas no país”, acrescentou.

A Austrália já tinha citado razões semelhantes para anular uma partida de teste contra o Afeganistão em novembro de 2021.

Em dezembro do ano passado, os talibãs proibiram as mulheres de completarem o ensino superior.

Um mês antes, tinham-nas proibido de frequentar ginásios e parques.

De acordo com as Nações Unidas, as mulheres estão também proibidas de frequentar a escola para além do sexto ano e de trabalhar na maioria dos empregos fora das suas casas.

O Afeganistão, onde o críquete é muito popular, é o único país da federação internacional da modalidade que não tem uma equipa feminina.