Costuma dizer-se que no meio é que está a virtude e este caso parece não fugir à sabedoria popular. É que entre a geração de Bruno Rodrigues e a de Salvador Couto, está o título nacional de João Guedes e os três surfistas do Porto querem vencer a 3ª etapa da Liga Moche, principal competição nacional de Surf, que se realiza já para a semana nos dias 13, 14 e 15 entre o Porto e Matosinhos. Juntam-se assim 3 gerações distintas da Invicta no ataque ao Sumol Porto Pro.
Bruno Rodrigues, 44 anos, regressou a Portugal vindo do Brasil em 1992. O seu percurso ficou marcado por uma vitória na Liga Nacional de Surf e pela representação da selecção nacional no Mundial da Califórnia em 1996, entre outros resultados de destaque ao nível nacional e europeu. Agora, prestes a voltar a competir reconhece que as coisas mudaram um pouco desde então.
“Hoje em dia, o nível de surf da Liga Moche está muito elevado”, atesta o surfista do Porto.
“Nós éramos bons power surfers, mas em termos de manobras progressivas, não tem nada a ver. Os miúdos estão muito à frente da minha geração. Na altura, quando um de nós aterrava um aéreo era uma festa e ficávamos a falar disso durante meses (risos). O surf evoluiu bastante!. E, não só em termos de estruturas e apoio” como também porque “antigos competidores estão a treinar miúdos”, missão essa que Bruno Rodrigues atualmente também abraça numa perspetiva de troca de experiência entre gerações.
Na altura, acabado de chegar do Brasil e na sua primeira aparição junto dos melhores surfistas nacionais numa etapa da Liga Nacional de Surf, foi uma boa surpresa, tendo avançado bastante no quadro de competição onde perdeu para o Rodrigo Herédia e para o José Gregório, nos quartos-de-final, ficando assim aos pés de alguns dos pesos pesados que lideravam o surf nacional na época.
Apesar de já não competir com regularidade, Bruno nunca deixou de acompanhar as provas nacionais e o melhor surf que se faz pela sua região.
“Quando comecei a fazer surf no Porto, havia uma geração muito forte com o Frederico Brito, o Silvério Canto Moniz, entre outros. Depois da minha geração, seguiu-se a geração do João Guedes e do Sebastião Furtado e, atualmente, nos mais novos há vários que começam agora a surgir”, como é o caso do Salvador Couto, o melhor surfista sub-18 atualmente rankeado na Liga Moche.
Sobre João Guedes, Bruno revela a sua admiração: “Quando eu competia, o João tinha apenas 10 ou 11 anos... Mas lembro-me dele a surfar na altura. E hoje é um surfista que se atira bastante às ondas grandes e que foi campeão nacional! Posso dizer que é um lutador”. Mas Bruno vai ainda mais longe, considerando mesmo que “o João é, sem dúvida, o melhor surfista do Porto desde há muitos anos...e talvez mesmo desde sempre!”.
E será mesmo? João Guedes, 30 anos, campeão nacional em 2009, aborda o tema com a sua característica humildade, agradecendo as palavras mas, a ser o melhor, só se for “a seguir ao Bruno! (risos)”.
João, que tem pai surfista e aprendeu a surfar entre a Praia Internacional (Porto) e Leça da Palmeira (Matosinhos), exatamente os dois palcos do Sumol Porto Pro, reconhece que durante “largos anos era o único surfista a representar o Porto na liga nacional”, mas isso nunca foi entrave para as suas aspirações desportivas.
“Nunca senti pressão nenhuma acrescida, foi uma coisa natural. Na altura dos Esperanças, lembro-me que havia um grupo de surfistas que competia com assiduidade, mas na transição para a categoria open muitos largaram a competição”, explica o atual 12º classificado do ranking da Liga MOCHE.
Com uma nova geração de surfistas portuenses a aparecer, João Guedes considera comparativamente com o que tinha na altura, “oportunidades e condições não faltam” para que os mais novos possam competir ao mais alto nível nacional, afiançando que “é só quererem!”.
Salvador Couto, 16 anos, é um destes surfistas da nova geração e, a seguir a João Guedes, o melhor surfista do Porto no atual ranking da Liga MOCHE (44º). Nas últimas quatro edições, no caso da competição masculina, quem venceu no Porto acabou por se sagrar campeão nacional, pelo que Salvador espera “uma etapa competitiva, repleta de manobras espetaculares e um ambiente incrível que tanto carateriza esta prova”. Enquanto admirador de João Guedes, Salvador não se coíbe de o ter como referência já que “é um surfista arrojado!” e que, como ele, “gostava de ser campeão nacional. Estou focado e quero superar as expectativas, mas também devo ser realista e perceber que há um caminho pela frente. Eu estou a iniciá-lo e muito feliz com o que tenho conquistado até aqui”.
O jovem surfista mostra-se ainda contente porque “competir em casa traz o apoio massivo de toda a minha família, amigos e colegas”, considerando ainda que “é muito importante para mim e para os atletas locais que esta etapa da Liga Moche aconteça no Norte de Portugal”.
Quanto às expectativas para a sua prestação na etapa, Salvador quer “melhorar o 25º lugar” obtido no ano passado mas, acima de tudo, “surfar com qualidade e dar um ótimo espetáculo”. Do mais novo para o mais velho, os objetivos para a prova ganham mais corpo com Bruno Rodrigues a explicar que “não sei se ainda tenho nível para andar nestas lides”, mas que “espero que volte aquele bichinho de tentar ganhar”. Já João Guedes é sucinto: “Quero ganhar!”.
O elenco de surfistas do Norte em competição no Sumol Porto Pro conta ainda com alguns convidados da organização como os vencedores das categorias sub-16 e sub-18 feminino do primeiro evento na agenda do Wave Series 2016, o Circuito Regional de Surf do Norte, designadamente Gonçalo Magalhães e Mariana Gonçalves, e ainda José Diogo Correia, para além dos surfistas locais já inscritos até ao momento como António Rodrigues, José Bruschy ou Elohe Alvarez.
A premiação global da Liga Moche 2016 é superior a 80.000€ anuais onde, para além dos títulos nacionais, encontram-se também em disputa o Ramirez Junior Award, que nesta etapa será atribuído à melhor surfista sub-18 feminino, e a Renault Expression Session, ambos atribuindo 2.500€ anuais.
Comentários