A nova época, para o Sporting, está a começar como terminou a última: com vitórias, bons resultados e um futebol agradável. Depois de, há uma semana, terem conquistado a Supertaça, com um triunfo por 2-1 sobre o Sp.Braga, os leões iniciaram agora a defesa do título de campeão da I Liga com um triunfo claro (embora não tão fácil como se possa pensar) sobre o Vizela, por 3-0.
E há um denominador comum que salta à vista na vitória na Supertaça, nesta vitória no arranque da I Liga 21/22 e nos sucessos da época transata: Pedro Gonçalves!
O melhor marcador da I Liga 20/21 continua a mostrar classe e veia goleadora. Em Aveiro, há uma semana, frente ao Braga, carimbou com um golaço a conquista da Supertaça. E na noite de sexta-feira, em Alvalade, 'desatou' um jogo que parecia poder complicar-se, ao assinar (mais) dois golos de belo efeito.
O melhor de tudo, para Pote, é que, finalmente, teve os adeptos do Sporting a aplaudir a sua classe ao vivo em Alvalade e a ovacioná-lo de pé quando foi substituído, já perto do fim. É que, finalmente, os adeptos leoninos puderam voltar ao 'covil do leão' e saudar aí os seus campeões.
Foram só cerca de 15 mil, é certo, que a COVID-19 ainda não permite mais. Mas o ambiente que criaram chegou para matar saudades. E, depois de mais de 500 dias sem contar com um apoio destes em Alvalade, os jogadores do Sporting até terão estranhado. Talvez por isso a primeira parte mais nervosa e menos conseguida. Por isso e por mérito do Vizela.
O conjunto orientado pelo carismático Álvaro Pacheco, neste regresso à I Liga 37 anos depois, tentou mostrar o mesmo estilo de jogo de bola no pé com que conquistou admirados ao longo da última época na II Liga e que lhe valeu a subida ao escalão principal. Só faltou, depois, andamento para a segunda parte inspirada de Pedro Gonçalves e do Sporting.
O jogo: Entrada 'à campeão' na segunda parte resolveu o encontro
O Sporting entrou em campo com os seus dois únicos reforços até ao momento em campo. Ricardo Esgaio e Rúben Vinagre foram titulares, face às lesões de Pedro Porro e Nuno Mendes, e foi dos pés deles, pelos respetivos flancos, que nasceram os principais lances de perigo dos 'verdes e brancos' no primeiro tempo.
Um primeiro tempo em que o Vizela começou por dar um ar da sua graça, com alguns lances bem delineados nos minutos iniciais, como aquele que acabou com Cassiano a colocar a bola no fundo das redes da baliza à guarda de Adán. O melhor marcador da II Liga 20/21, contudo, estava em posição irregular.
Aos poucos, e também com lances sempre bem construídos mas nem sempre bem concluídos, o Sporting foi crescendo e criando algum perigo até que, perto da meia hora de jogo, beneficiou de uma grande penalidade. Com demasiado tempo para pensar para onde ia rematar, Jovane errou o alvo e atirou por cima.
Depois, o camisola 10 dos leões desperdiçaria mais uma boa ocasião em cima do intervalo e o nulo ao fim dos primeiros 45 minutos podia fazer pensar que os pupilos de Rúben Amorim não teriam vida fácil no segundo tempo. Puro engano. O Sporting entrou à campeão na segunda parte e lançou-se para a vitória. Assistido por Paulinho, Pedro Gonçalves rematou colocado e abriu o ativo logo aos 48 minutos.
A turma leonina continuou a impor muita velocidade no jogo e o segundo golo surgiu aos 64 minutos, em mais um belo golo de Pote, desta feita assistido por Ricardo Esgaio. Depois, com o Vizela já 'entregue', Paulinho concluiu um contra-ataque conduzido pelo recém-entrado Nuno Santos e fixou o resultado final. 3-0, três pontos, algumas jogadas de encher o olho e público satisfeito.
O momento: Classe de Pedro Gonçalves, o homem dos grandes golos
Minuto 48. Depois de uma primeira parte sem golos, o Sporting precisava de marcar cedo no segundo tempo para evitar nervosismos crescentes. Em cena surgiu, então, o inevitável 'Pote' que, depois de assinar um golaço na Supertaça, então com um remate extraordinário de trivela, desta feita marcou com um remate em jeito com a parte de dentro do mesmo pé direito, abrindo caminho à vitória leonina.
Os melhores: Um Pote a brilhar, Paulinho a assistir e a marcar e dois laterais que de 'suplentes' têm pouco
Não há como fugir às evidências, até pelas vezes que já escrevemos o seu nome ao longo desta análise: Pedro Gonçalves vale ouro para este Sporting. A primeira parte até pode ter sido algo apagada, mas na segunda mostrou todo o seu valor: continua a marcar e a encantar.
Quem também marcou (e assistiu Pedro Gonçalves para o primeiro golo) foi Paulinho. O ex-Braga continua a não ser aquele ponta-de-lança que vai encantar os adeptos, mas certamente encanta qualquer treinador, pelo que trabalha e pelas soluções de passe que oferece aos colegas com as suas movimentações.
Os reforços Rúben Vinagre e Ricardo Esgaio, titulares face à lesão daqueles que, à partida, serão dos donos dos lugares, mostraram que são mesmo uma alternativa à altura. O primeiro foi, talvez, quem mais desequilíbrios criou pelo seu flanco na primeira parte e o segundo, também sempre muito em jogo, até fez uma assistência. E, no Sporting, nota ainda para Matheus Nunes. Discreto, mas eficaz ao ponto de ninguém se ter lembrado de João Mário.
Já do lado do Vizela, merecem destaque o central Kiki Afonso que, com uma série de cortes e interceções providenciais, sobretudo na primeira parte, ajudou a que se chegasse a pensar que o Sporting poderia escorregar neste arranque de I Liga, e para o guarda-redes Charles, que nada podia fazer nos três golos sofridos e ainda fez um punhado de boas defesas quando o resultado estava 'em branco'.
Estatísticas e curiosidades
- O Sporting somou o 27.º jogo seguido sem perder em casa para a I Liga. A última derrota caseira dos leões na prova foi a 17 de janeiro de 2020, frente ao Benfica (0-2).
- Pedro Gonçalves bisou pela oitava vez com a camisola do Sporting. Já soma 26 golos (em 39 jogos) pelos 'leões' e leva quatro jogos oficiais seguidos a marcar pelo clube verde e branco, nos quais fez as redes balançarem por oito (!!!) vezes
- O Sporting segue 100% vitorioso em partidas oficiais contra o Vizela: 7 jogos, 7 vitórias
- O Vizela entrou em campo com três jogadores que nunca tinham jogado na I Liga: Méndez, Kiko Bondoso e Francis Cann. Na segunda parte entraram mais dois: Hugo Oliveira, de apenas 19 anos, e Kévin Zohi, sendo que outro dos suplentes utilizados - Tomás Silva - tinha jogado 24 minutos no escalão principal, na época passada, na derradeira jornada...pelo Sporting (sagrando-se então campeão nacional).
As reações
- Amorim e os adeptos em Alvalade: "Única limitação é não conseguir falar com jogadores. Não me ouvem ou fingem que não me ouvem"
- Amorim destaca crescimento de Matheus Nunes: "Trabalhava numa padaria. Já é português e mais uma opção para a seleção"
- Álvaro Pacheco: "É um sorriso de quem está a realizar um sonho"
- Pedro Gonçalves e o regresso do público: "Nos primeiros minutos estava um pouco desorientado, já não estava habituado"
- Raphael Guzzo: "Estamos num processo e a habituarmo-nos a este ritmo"
Comentários