O impossível não aconteceu e Portugal ficou sem equipas nas provas da UEFA. Ao FC Porto pedia-se que fosse um ´Barcelona` em Turim mas um cartão vermelho aos 41 no lance que deu o 1-0 para a Juventus deitou tudo a perder. Os ´dragões` jogaram 112 dos 180 minutos da eliminatória com a Juventus com menos um jogador. No final fica o resultado de 3-0 no conjunto das duas mãos e ainda uma questão: o que o FC Porto poderia ter feito se jogasse 11 contra 11 os dois jogos da eliminatória?

O jogo: Faltou o golo

A esperança de eliminar a Juventus na própria casa baseava-se mais no que a Juventus poderia não fazer do que nas armas que o FC Porto podia usar em Turim. A equipa de Nuno vinha de uma sequência de nove vitórias consecutivas para a I Liga, respira confiança, contratou um goleador em janeiro mas, nos dois jogos com a Vecchia Signora, ficou patente que a ´manta` era curta e que não dava para tapar tudo: se fosse esticado na frente, deixava a defesa à mercê dos poderosos avançados da formação transalpina. Se o foco estivesse na defesa, faltaria homens na frente. Foi o que aconteceu. Passou quem tem melhores jogadores e melhor equipa. A diferença entre ambos não foi assim tão abismal.

O FC Porto fez um jogo personalizado, coeso, solidário, bem conseguido, jogando muitas vezes no meio-campo contrário, obrigando mesmo a Juventus a jogar na sua zona defensiva e com todos os homens atrás da linha da bola. 0s 2-0 da primeira-mão davam algum conforto, pelo que não convinha nada a equipa de Allegri meter intensidade no jogo. Já o FC Porto fazia tudo com calculismos, tentando chegar a um golo que pudesse deixar o adversário intranquilo mas sempre equilibrado, nunca apostando tudo na frente, apesar da desvantagem. Mas a Juve, matreira, retirou profundidade ao FC Porto, fechou-lhes o espaço e passou a jogar com o resultado.

O golo à beira do intervalo foi um duro golpe que deitou tudo a perder para o FC Porto. Mandzukic já tinha ameaçado, Dybala tinha falhado um desvio que daria golo por pouco, até que apareceu outro vermelho a colocar um travão nas esperanças portistas. Higuain aproveitou uma defesa incompleta de Casillas para disparar, Maxi saltou para dar o corpo a bola mas acabou por evitar o golo com as mãos. Vermelho direto e penálti que Dybala não desperdiçou.

A resposta portista no segundo tempo é de louvar. Com menos um, Nuno organizou a equipa em 4-3-2, com Brahimi mais perto de Soares, Boly a entrar para fazer dupla com Felipe, Marcano desviado para a lateral esquerda e Layún na direita, com André Silva a ser o sacrificado. Com menos um e perante um forte apoio dos adeptos, os ´dragões` criaram duas situações de golo, além de um conjunto de lances de perigo. Soares teve o empate nos pés aos 50 mas, perante o ´gigante` Buffon, atirou para fora. Aos 82, Diogo Jota imitou o colega e rematou às malhas laterais.

O Dragão merecia pelo menos o empate, pelo que fez mas quem joga 112 dos 180 minutos de uma eliminatória da Liga dos Campeões, muito dificilmente consegue apurar-se. E nesta fase da prova, onde já só resta a nata do futebol europeu, os pormenores são muito importantes. Fica a sensação que a equipa de Nuno poderia fazer mais se tem feito os dois jogos com 11 contra 11 mas isso nunca se saberá. Portugal já sabe que na época 2018/2019 só terá duas equipas na Champions.

Momento-chave: Penálti e expulsão deitam tudo a perder

Corria o minuto 41, quando Maxi defendeu um remate com as mãos dentro da área e foi expulso. A Juventus, que só tinha criado perigo em dois lances, teve aí a grande oportunidade de golo. Dybala sentenciou a eliminatória e acabou com as aspirações portistas.

Os melhores: Brahimi, Danilo e Dybala:

Brahimi: foi um dos principais motores do ataque portista. Pela esquerda ou pelo meio, tentou sempre levar à equipa para a frente, juntamente com Oliver.

Danilo: fez um grande jogo, tanto a defender como a apoiar o ataque quando preciso. Foi um monstro no meio-campo, muito ajudado por Oliver e André André.

Dybala: além de ter marcado a grande penalidade, foi sempre um ´diabo à solta`. Muito rápido, fintas curtas, deu muito trabalho aos laterais mas também aos centrais do FC Porto.

Os piores: Soares e Maxi

Soares: lutou muito mas não conseguiu dar tudo o que a equipa pedia. Teve nos pés uma soberana oportunidade mas, tal como no jogo com o Arouca, falhou. Falta-lhe mais técnica na hora de finalizar as jogadas.

Maxi: a forma como abordou o remate de Higuaín no lance do penálti nem parecia de um jogador experiente. Devia ter mais cuidado. Deixou a sua equipa em inferioridade numérica e com poucas hipóteses de discutir o resultado.

Reações

Nuno: "Ficámos condicionados com as expulsões" nos dois jogos

Casillas: "Jogar com menos um jogador complicou tudo"

Marcano: "Nunca é bom perder, mas a equipa manteve a personalidade"

Soares: "Trocava a minha felicidade pela qualificação"

Allegri: "Podíamos ter feito melhor na segunda parte"

Buffon não quer jogar com o Leicester nos 'quartos'

Alex Sandro: "FC Porto está forte e tem de ser campeão em Portugal"


Dani Alves: "Seria estranho mas a ter de enfrentar o Barça, que seja na final"

Curiosidades:

A Juventus chega aos quartos-de-final da Champions sem derrotas (8 jogos, 6 vitórias e 2 empates) e somou o 46.º jogo consecutivo sem perder em casa (todas as provas).

Pela 1.ª vez desde 2001/02, nenhuma equipa portuguesa estará nos quartos-de-final das competições europeias.

FC Porto cai nos oitavos de final da Champions pela 6.ª vez em nove presenças.

Em 11 grandes penalidades cobradas por Dybala na Juventus, o argentino marcou... 11.

Esta foi a 2.ª expulsão de Maxi na Liga dos Campões. Já tinha sido expulso ao serviço do Benfica em 2012 frente ao Chelsea. Esta foi também a sexta vez que o lateral direito viu o cartão vermelho na carreira: 2 Uruguai (117 jogos), 2 Benfica (333 jogos), 2 FC Porto (70 jogos).

Casillas cumpriu o jogo 174 na UEFA, ultrapassando Xavi como jogador com mais jogos nas provas de clubes na Europa.

O FC Porto acaba eliminado sem marcar qualquer golo nesta eliminatória. Algo que já tinha acontecido em outras quatro ocasiões: 1974/75 Napoli, 1996/97 Man. United, 2000/01 Liverpool e 2015/16 Dortmund.