Pazes com o Dragão, fantasma da crise bem longe, no regresso do FC Porto às vitórias e às boas exibições. Zé Luís, o homem pedido expressamente por Conceição, fez o primeiro hat-trick nesta edição da Liga, num jogo onde os 'dragões' dominaram por completo. Das poucas vezes que o Vitória de Setúbal incomodou, lá estava Marchesín a justificar a aposta. No próximo fim-de-semana há clássico na Luz, 'apimentado' com um Benfica em grande forma mas que sentiu muitas dificuldades frente ao Belenenses, e com um FC Porto que parece ter entrado nos 'eixos.
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O jogo: Entrada à Dragão e os sadinos 'encostados às cordas'
Duas derrotas seguidas, uma delas muito dolorosa financeiramente, e soaram os alarmes no Dragão. Depois de tanto investimento, os desaires com o Gil Vicente no passado sábado e o afastamento da Liga dos Campeões na terça-feira, com uma derrota em casa com o Krasnodar, colocaram Sérgio Conceiçao e o plantel do FC Porto em brasas, poucos antes da deslocação à Luz.
Pedia-se uma resposta à Porto e foi o que se viu este sábado: quatro golos, grande exibição, bons pormenores, os miúdos da casa lançados em campo e um FC Porto a dizer que está vivo para os desafios que se avizinham. Os quase 39 mil adeptos que deslocaram ao Dragão apoiaram do início ao fim e empurraram no resgate de uma confiança que ameaçava perder-se de vez, antes do duelo com o rival Benfica na Luz.
A pobre exibição na derrota por 3-2 frente ao Krasnodar, depois de uma primeira parte miserável, obrigou Conceição a mexer. E era obrigatório, num plantel onde a concorrência é forte e onde não há espaço para más exibições. Saravia foi do onze para a bancada, Matheus Uribe ocupou o posto do lesionado Sérgio Oliveira, jogando mais recuado e protegendo as subidas de Danilo, o médio que se soltava mais na frente. Dos três laterais do plantel, nenhum foi chamado a jogo e teve de ser Corona a dar 'o peito às balas', como fez no passado, o que mostra que Conceição ainda não tem confiança em Manafá, Saravia e Tomas Esteves. Zé Luís também entrou, no regresso ao 4-4-2, com Romário Baró de regresso ao onze.
Numa comunhão com os adeptos que há muito não se via, o FC Porto arrancou para uma exibição sólida, frente a um Vitória de Setúbal com poucos argumentos. Zé Luís desatou o nó logo aos 11 minutos, já depois de Makaridze e o poste negarem o primeiro. O cabo-verdiano fez o 2-0 aos 20 e sossegou o Dragão e Conceição, que aproveitou o segundo tempo, jogado num ritmo mais baixo, para dar minutos a Nakajima e Fábio Silva, o jovem avançado de 17 anos, e Soares, que saltou do onze em Barcelos para a bancada frente ao Krasnodar, após uma pobre exibição.
Dois golos no segundo tempo, um de Zé Luís a completar o hat-trick e outro de Luíz Díaz, a estrear-se a marcar na Liga, deram expressão à uma exibição segura, numa equipa que precisava de ganhar confiança depois de uma semana atípica, como reconheceu Sérgio Conceição.
Apesar da goleada e da exibição, o treinador do FC Porto precisa de trabalhar mais o processo defensivo da equipa. Marchesín voltou a ser enorme na baliza, numa equipa que, em apenas duas jornadas da Liga, permitiu 12 remates enquadrados com a sua baliza (sete contra o Gil Vicente e cinco contra o Setúbal). Uma situação a rever já que não é normal numa equipa dita 'grande' em Portugal, a jogar com dois emblemas que costumam estar na parte de baixo da tabela.
Momento-chave: 'Voo' de Zé Luís acaba com as dúvidas
Aos 17 minutos, um corte para o sítio errado de Danilo deixou Hachadi de frente para o golo na área portista. O marroquino rematou mas Marchesín lá estava para fazer uma grande defesa e evitar o empate. No lance seguinte, aos 20, Zé Luís aproveitou um desvio de Pepe na área sadina após livre de Alex Telles para cabecear para o 2-0. De um lance que podia dar empate e que podia intranquilizar a equipa, os 'dragões' deitaram por terra as aspirações sadinas.
Os Melhores:'Matador' Zé Luís teve ajuda preciosa de Marchesin e um 'empurrão' do Dragão
Zé Luís já tinha marcado ao Krasnodar, de cabeça (dos quatro golos que leva esta época, três foram de cabeça), voltou a faze-lo na noite de sábado e logo por três vezes. Justificou o porquê de Conceição querer tanto a sua contratação. Lidera os melhores marcadores da I Liga com três golos, a par de Pizzi.
Só aos 31 anos é que Marchesín chega a Europa mas o guarda-redes argentino vai justificando a aposta: travou o remate de Hachadi que daria o empate aos 17. Aos 77 fez uma dupla defesa, a remates de Éber Bessa e Hachadi, num lance onde mostrou reflexos e boa leitura de jogo. Grande contratação do FC Porto. Marchesín vai salvando a defesa, que continua a cometer erros pouco habituais numa equipa 'grande' em Portugal.
Numa altura difícil da época, os adeptos disseram 'presentes' e apoiaram do início ao fim do jogo. Ambiente fantástico, numa comunhão entre adeptos e equipa que há muito não se via.
Os Piores: Pepe e Marcano permeáveis, Setúbal curto
A dupla Pepe e Marcano continua a não funcionar. Continuam a cometer muitos erros para centrais de equipa 'grande', principalmente Marcano, um dos piores na derrota com o Krasnodar. A defesa do FC Porto, que foi uma fortaleza nos últimos dois anos, está demasiado permeável e a conceder demasiadas oportunidades aos adversários.
O Vitória de Setúbal nunca mostrou argumentos para sequer entrar no jogo. Pressionados, os defesas e médios perdiam a bola com muita facilidade. Na frente, Zequinha e Berto tentava esticar o jogo, através de lances inviduais mas estiveram sempre sós. Os médios demoravam a subir, com medo de deixar espaço para os ataques rápidos do FC Porto. Equipa curta, que melhorou muito no segundo tempo. Sandro Mendes tem muito trabalho pela frente.
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